Lanterna Grinch
Quem acompanha as aventuras recentes do Lanterna Verde provavelmente adora Larfleeze, o Agente Laranja, portador do poder da Avareza. Parte do “espectro emocional” (criado pelo escritor Geoff Johns) que povoou o universo DC com anéis de poder de diversas cores, Larfleeze é, nas palavras de seu criador, uma mistura do Grinch com o Tio Patinhas. Nada melhor que colocá-lo para estrelar um especial de natal, certo?
Errado. Enquanto Larfleeze é hilário no contexto do drama intergaláctico escrito por Johns no título do Lanterna Verde e na saga Noite Mais Densa, ele deixa muito a desejar como estrela de um especial de comédia. Em “Larfleeze Christmas Special” o personagem título acorda na manhã de natal e fica bastante decepcionado ao descobrir que Papai Noel não trouxe os presentes da quilométrica lista que ele havia redigido e resolve se vingar. Larfleeze ataca todos os pobres coitados que se vestem como o bom velhinho, até que Hal Jordan aparece para ensinar o espírito natalino ao alienígena. Soa interessante, mas a execução é deprimente.
Gênio do crime
A minissérie “Nemesis” chega à sua quarta e última edição, deixando as opiniões dos críticos e fãs bastante divididas. É mais uma dessas minis exageradas, que atraem mais atenção pela exaltação masturbatória hiperbólica do autor Mark Millar, do que pelo próprio conteúdo. Se você gostou de “Kick Ass”, aposto que irá curtir “Nemesis”; mas se não atura os diálogos pretensiosos e sem personalidade dos personagens de Millar desde “Os Supremos”, provavelmente já deve estar de saco cheio do roteirista escocês.
A premissa da série é a seguinte: e se Batman fosse um vilão, em um mundo sem nenhum super-herói para enfrentá-lo? Daí surge o personagem título, um mascarado que escolhe policiais que se destacaram na profissão como alvos para elaborados ataques. Sempre se pode argumentar que Millar trabalha melhor com personagens que ele mesmo criou, já que tem uma tendência terrível à descaracterização daqueles já existem, como ficou evidente no crossover “Guerra Civil”, da Marvel.
Por outro lado, ele parece incapaz de escrever sua própria invenção de modo coerente: Nemesis supostamente é um gênio milionário e sofisticado, capaz de elaborar planos e contingências para situações impossíveis; mas quando ele abre a boca, parece um troll de internet de doze anos de idade. A revista certamente mostra um grande apelo a esse público juvenil: a ultraviolência típica de algumas obras de Millar parece o equivalente adolescente das piadas de flatulência das animações infantis da Dreamworks.
Mas a resolução do conflito parece justificar algumas das falhas mais graves do roteiro. Se um erro terrivelmente grosseiro cometido pelo vilão quase quebra de vez a suspensão da descrença do leitor, por outro lado a conclusão da série parece insinuar que Nemesis não era, afinal, o gênio por traz de todos aqueles planos, deixando espaço para uma continuação.
Morte aguardada
A contagem regressiva para a morte de um dos membros do Quarteto Fantástico continua em mais uma edição recheada de tensão. Muitos fãs criticaram a equipe criativa (formada pelo roteirista Jonathan Hickman e o desenhista Steve Epting) quando estrearam na revista do quarteto. Mas aqueles que acharam as primeiras histórias um pouco “paradas” demais não têm o que reclamar da saga “Three”.
Em “Fantastic Four #586” temos, de um lado, Reed Richards tentando resgatar o máximo de pessoas que puder de um mundo prestes a ser consumido por Galactus; e do outro, temos a Mulher Invisível às voltas em uma guerra submarina entre o povo de Namor e outras três raças. Por fim, temos o Tocha Humana e o Coisa (sem poderes) defendendo o edifício Baxter da invasão de Anihilus e sua horda de insetos da Zona Negativa.
É claro que, a essa altura, nenhum leitor de quadrinhos leva muito a sério quando a morte de um personagem é anunciada. Todos sabemos que é só uma questão de tempo até que o falecido volte do túmulo e tudo fique como antes. Mas a saga de Hickman parece algo fora de seu tempo, com todo o mistério em torno de quem será a vítima (inclusive prometendo lançar a última edição em um saco preto, pra não estragar a surpresa).
Parece mesmo uma história do início dos anos 90, quando a morte de um herói era algo chocante e que gerava repercussões junto a outros personagens, ao invés do mero “meh” que parece provocar hoje em dia. Mas no fim das contas é uma história que merece ser lida mais pelo mérito da narrativa do que por qualquer acontecimento bombástico que, todos sabemos, será logo desfeito.
Uma resposta para “HQs: Larfleeze Christmas Special, Nemesis e Quarteto Fantástico”
Uma pena saber que o especial do Larfleeze é ruim. Afinal, ele é meu personagem favorito de todos os criados recentemente para o universo do Lanterna.