O tão aguardado episódio de “Community” em stop-motion não foi muito engraçado, mas também não decepcionou: como já disse antes, o segundo ano da série pede uma forma diferente de encarar os episódios, focados mais na paródia de gênero do que nas piadas e relações entre personagens.
E a paródia dos filmes natalinos beirou a perfeição em “Abed’s Uncontrollable Christmas”. Não há a presença de personagens de carne e osso em nenhum momento. Tudo é animação – com bonecos de silicone, como frisa Abed – do início ao fim.
É como se o episódio se passasse na mente de Abed, com o mundo visto pelos seus olhos. E ao ver seus amigos em stop-motion, ele chega à conclusão de que precisam descobrir o sentido do Natal para que tudo volte ao normal.
É aí que entra o professor Duncan, que propõe uma espécie de terapia em grupo que embarque nas alucinações de Abed na tentativa de compreender o que se passa com ele. Tudo é uma desculpa para as mais variadas referências aos filmes natalinos, desde as óbvias “A Rena do Nariz Vermelho” e “Little Drummer Boy” até “A Felicidade Não Se Compra” e “O Expresso Polar”.
É interessante que, apesar de algumas piadas visuais divertidas, a história é mesmo voltada para o clima natalino e consegue em vários momentos te fazer esquecer que se trata de uma série de televisão. O fato de ser uma animação ajuda a “separar” este episódio dos anteriores, como se fosse um curta-metragem de Natal.
Sem dúvida o mais fantasioso “Community” até agora, “Abed’s Uncontrollable Christmas” aproveita bem o fato de ser animado, utilizando os novos visuais de cada personagem para revelar as mais destacadas características de cada um deles: a fidelidade de Troy, a graciosidade (e fragilidade) de Annie, a infantilidade de Shirley, a frieza simulada de Britta, o cinismo de Jeff e a agressividade inofensiva de Pierce.
Na jornada fantástica de Abed há espaço para piadas com o final de “Lost”, uma pequena participação do Señor Chang (que anda muito sumido da série, infelizmente) e um elogio à amizade e à imaginação (como não poderia deixar de ser em um episódio de Natal). As partes musicais também são um achado, especialmente a primeira (na abertura), que começa com Abed cantando e pulando em cima de carros e termina de forma hilária e inesperada.
Mesmo que não vá te fazer chorar de rir, trata-se um episódio desde já antológico nesta série que pode até cometer muitos erros, mas não deixa nunca de arriscar e surpreender. Feliz Natal!