As Crônicas de Nárnia – A Viagem do Peregrino da Alvorada


Nossa avaliação

[xrr rating=2.5/5]

Se havia algo de sutil na metáfora cristã dos dois “As Crônicas de Nárnia” anteriores, este “A Viagem do Peregrino da Alvorada” desfaz qualquer possibilidade de mal-entendido: Aslam é Deus. E ponto final.

O peregrino do título não é uma pessoa, mas um barco comandado pelo príncipe (agora rei) Caspian do segundo filme, onde vão parar os irmãos Edmundo e Lúcia Pavensie, desta vez acompanhados pelo primo Eustáquio. É tudo mais do mesmo,com a ausência de Susana e Pedro. Os irmãos mais velhos cresceram, amadureceram e se tornaram boas pessoas, não precisando mais voltar para Nárnia a escutar as lições do leão-deus.

A escolha por Edmundo (o mais passional) e Lúcia (a mais ingênua) como protagonistas é justamente porque a saga baseada nos livros de C.S. Lewis propõe ser uma espécie de catecismo que vai ensinar às crianças o que é certo ou errado segundo a moral cristã. E para isso acontecer, são necessários personagens falhos, humanos, que passarão por tentações e encontrarão o caminho certo.

“A Viagem do Peregrino da Alvorada” se transveste de uma típica aventura passada em alto-mar e ilhas misteriosas para desfilar as tentações que os bons irmãos Pavensie e o orgulhoso e mimado primo Eustáquio precisam vencer. E lá estão os pecados capitais provocados pela fumaça-vilã do filme. Diferentemente de “Lost”, ela não é preta, mas verde. E segundo os personagens não cansam de explicar, representa o mal absoluto.

Sim, você pode associar a fumaça verde ao enxofre que sai do diabo, a vontade de Lúcia em ser bonita com a Vaidade, a briga de Edmundo e Caspian com a Inveja, a fome por tesouros de Eustáquio com a Avareza, os lordes presos na mesa de banquete com a Gula. E por aí vai, em uma série de situações episódicas e sem muita relação irritantemente explicadas por praticamente todos os personagens em cena.

Tudo bem que se trata de um filme infantil, mas será mesmo necessário repetirem várias vezes tudo que a imagem já mostrou? Se sobra didatismo de um lado, falta do outro. A história da busca por sete espadas que precisam ser colocadas em uma mesa para deter a fumaça verde não faz nenhum sentido. E as cenas de ação são tão picotadas que é difícil entender o que acontece em cena. Já os atores passam longe da competência e carisma de um “Harry Potter”.

Entretanto, os personagens digitais continuam impressionando e o diretor Michael Apted faz uma ou outra tomada bonita. Assistir “A Viagem do Peregrino da Alvorada” como conto religioso é a melhor maneira para não se decepcionar com o filme. É uma parábola. E deve ser encarado como tal.


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