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Lembra daquele personagem mal-humorado e irritadinho interpretado por Mark Wahlberg em “Os Infiltrados”? Se assim como eu você achava que ele cairia bem em uma comédia, você vai gostar de “Os Outros Caras”.
Agora o Wahlberg ranzinza faz dupla com o Will Ferrell de sempre, apesar de um pouco mais contido. Eles são os outros caras do título, detetives burocratas em uma delegacia de Nova York. Já “os caras” são Dwayne “The Rock” Johnson e Samuel L. Jackson, dois policiais durões saídos direto dos filmes de ação dos anos 80.
Eles são os astros do departamento, aplaudidos por todos mesmo após destruírem meia cidade para prender alguém. E representam tudo o que o filme é. “Os Outros Caras” é uma paródia daqueles filmes protagonizados por duplas de policiais e que fizeram tanto sucesso nas duas últimas décadas do século passado.
A saída de cena dos personagens de Jackson e Johnson é o melhor exemplo desta desvirtualização de clichês e talvez seja o momento mais engraçado do longa. Apesar de não chegar ao exagero surreal de um “Corra que a Polícia Vem Aí”, o filme se estabelece a partir da quebra de expectativas do gênero, a começar pela improvável dupla formada por Wahlberg e Ferrell.
Os dois, aliás, estão muito bem. A química entre eles funciona e é responsável por ótimos diálogos e bastante humor físico, com destaque para a hilária luta silenciosa. A participação de Eva Mendes, apesar de ser mais paisagística do que qualquer outra coisa, é engraçada devido ao contraste com o tipo nerd do seu marido vivido por Ferrell e também pela “tensão sexual” com o personagem de Wahlberg.
O problema é que o diretor Adam McKay (“O Âncora”) não consegue dar liga às piadas, que funcionam de forma isolada ,mas não compõem uma narrativa única. Tudo bem que a trama envolvendo uma pista seguida pela dupla de escritório e que os leva para as ruas na tentativa de desmantelar um grande esquema criminoso não faz muita diferença. Mas o diretor não consegue formar uma linha de enredo juntando satisfatoriamente as ótimas gags que pululam pela tela.
O resultado é um ato final fraco, uma vez que ninguém se importa com a resolução da história. Não houve cuidado em se criar minimamente uma estrutura que nos leve a se preocupar com o destino daqueles personagens. “Os Outros Caras” é uma ótima coletânea de esquetes cômicos. E só.
2 respostas para “Os Outros Caras”
Real pimps don’t cry. Sem mais.