Muita calma nessa hora

Olá, enfermeira Gianne.

Nossa avaliação
Muita Calma Nessa Hora (2010)
Muita Calma Nessa Hora poster Direção: Felipe Joffily
Elenco: Andréia Horta, Gianne Albertoni, Fernanda Souza, Débora Lamm


Vou definir “Muita calma nessa hora” em uma frase (e os créditos não são meus, são do editor Renné França, que é tão genial que conseguiu pensar nela sem ter ido à sessão): o filme é um “Sonho de verão” em que os personagens fumam maconha.

“Sonho de verão”. Lembra? Com as Paquitas? De férias numa mansão, mas aí também era uma praia, não fazia muito sentido, mas aparecia o Faustão e tudo dava certo? Você viu isso em algum Festival de Férias e se divertiu. Quando tinha… sei lá, nove anos.

“Muita calma nessa hora” é a mesma coisa, só que os personagens fumam, bebem e fazem (ou pelo menos pensam muito em) sexo. Tem até o Sérgio Mallandro também. Sério.

São três amigas – Tita (Horta), Aninha (Souza) e Mari (Albertoni) – que vão para a lua de mel da primeira em Búzios, depois do noivo a trair às vésperas do casório. Ah, tem ainda uma hippie, Estrela (sério, a hippie se chama Estrela), para quem elas dão carona e que está atrás de um “homem misterioso”.

Olá, enfermeira.

Existe uma história para cada uma, mas ela importa tanto quanto o tipo de nó com que Gianne Albertoni amarra seu biquíni. É tudo uma grande desculpa para mostrar muita gente jovem, bonita, sarada e classe média – fiéis, como diria um amigo meu, da “Igreja do Povo Bonito de Deus” – com pouca roupa, fotografados como num ensaio publicitário de moda verão. Feios e gordos, segundo o filme, são hippies, farofeiros, pagodeiros ou as três coisas.

“Muita calma nessa hora” são 90 minutos de hedonismo, sol e pegação em Búzios, ao som de muita música ruim. A trilha sonora é tão horrível quanto apropriada: é só ela começar que você tem certeza de que está na praia. E está aí talvez o pior sintoma do filme: a sensação de que seria melhor estar em Búzios se divertindo do que ver alguém fazendo isso.

Mas num ano em que a produção nacional se divide entre Globochanchadas, Vibe Espírita, Independentes feitos para o umbigo do diretor e “Tropa de elite 2”, esse “American Pie” tupiniquim consegue entreter sem ser ofensivo, com diálogos realistas, ainda que não geniais, e um elenco que se sai bem, interpretando em grande parte versões de si mesmos. A história da hippie é desnecessária e parece deslocada sempre que aparece, há uma cena de sexo/orgasmo absoluta e ridiculamente irreal e o grande clímax (com o perdão do trocadilho) dramático é quando uma personagem pensa que esqueceram o aniversário dela. Contudo, ser frívolo, jovem e sem “mensagens” é um pecado que filmes nacionais deviam cometer mais vezes.

O diretor Felipe Joffily entrega o que deveria ser o verdadeiro cinema brasileiro tipo exportação: “venha para Búzios e conheça gente bonita, festas homéricas, praias paradisíacas e o pior da música local”. Entre isso e “Tropa de elite 2” como cartão postal, qual você escolheria? Com Hermes e Renato no lugar dos Paquitos, melhor ainda. E Gianne Albertoni de biquíni, em câmera lenta, saindo do mar, projetada na tela grande… não atrapalha.


3 respostas para “Muita calma nessa hora”

  1. […] “Muita Calma Nessa Hora” funcionava em certa medida porque ria junto com o seu público. Todo mundo que já fez alguma viagem em turma tinha alguma coisa para se identificar com os personagens estereotipados e situações absurdas. É uma pena que a continuação não mais ria com o público, mas ri dele. […]

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