Aquela revelação final? Uou. Mas chegaremos lá. Antes, passemos por cada uma das quatro tramas deste episódio, que começou mediano e terminou com alguns ótimos avanços na história (alerta 1: este será um texto LONGO. Alerta 2: muitos SPOILERS a seguir).
“A ciência me deixou na mão”
Depois de explicar para Mark que não busca, muito menos faz, cupcakes, Bailey passou o episódio acompanhando a autópsia de Mary (Mandy Moore). Enquanto ela tentava achar uma explicação para o marido da paciente mais cagada de urubu da história do Seattle Grace, Derek pesquisava para a proposta da sua Triagem Clínica sobre Alzheimer.
Miranda reclama que a médica legista (a Anna Draper de “Mad men”, o que totalmente me desconcentrava quando ela aparecia) não fazia nada certo – leia-se, do jeito que Bailey queria. Shepherd defende a legista. Miranda diz que ela masca chiclete enquanto faz a autópsia. Derek dá uma colher de chá para Bailey e admite que “isso é nojento”.
A autópsia é inconclusiva. Miranda mais uma vez é obrigada a encarar que ser médica não significa ser capaz de resolver todos os problemas do mundo. Derek diz que Bailey não devia se envolver tanto. No que “A Nazi” responde “não sou eu que não consigo escrever uma redação porque estou com medo de minha esposa desenvolver Alzheimer”. Nocaute.
“Isso vai ser um saco”
De cara, Meredith já profetizou que o acampamento ultra-trauma-intensivo-Tropa-de-elite-Nascido-para-matar de Owen seria “um saco”. E foi, até April surtar num ataque de competitividade hilário [momento identificação # 1]. O time dela ganhou (mesmo não sendo uma competição) e parece que Kepner e Alex estão trocando os olhares e farpas que em “Grey’s anatomy” são as placas na estrada rumo ao SEXO.
“Ciência não tem nada a ver com fazer amigos”
No melhor estilo “pessoa primária” típico da personagem, Callie pensou duas vezes e não estava mais tão feliz assim em ir para a África com Arizona. Enquanto as duas faziam as malas, o Chefe provocava Torres com jogos mentais, Mark servia como o melhor amigo (e com competência! Quem diria que um dia iríamos admitir: a amizade dos dois se tornou uma das mais verossímeis do seriado) e Callie dava um show de passividade agressiva.
Tudo culminou no aeroporto, em uma das cenas de separação mais tristes e reais da história de “Grey’s anatomy”. Arizona não aguentou mais: Torres estava estragando o prêmio e a viagem dela. O que era verdade. Callie respondeu que não gostaria de ir para a África, mas que queria ir porque amava Robbins. O que também era verdade. Mas Arizona sabia que se ela fosse, as duas estariam se odiando em questão de meses. E o projeto de salvar crianças do Malawi seria arruinado. Ela tinha que escolher entre a viagem da sua vida e o amor da sua vida. E sendo Arizona, ela escolheu a viagem [momento identificação # 2].
Quando Torres disse que se Robbins entrasse naquele avião, estaria tudo acabado entre as duas, a pediatra respondeu “nós estamos gritando no saguão de um aeroporto. Já está tudo acabado”. Mesmo sabendo que isso era mentira.
“Eu consigo operar. Eu simplesmente não quero mais”
Cristina continua traumatizada. Mas fez tudo o que foi necessário e manteve vivo o paciente (outra história, assim como Mary, que continuou de um episódio anterior. Gosto quando isso acontece) que aguardava um transplante de pulmão. Por um dia, voltou a ser uma cirurgiã. Daí, ela pediu demissão.
(O próximo parágrafo é uma digressão, sinta-se à vontade se quiser pular para o próximo)
Eu nunca tive que trabalhar com uma arma na cabeça. Guardadas as devidas proporções, no entanto, o deadline tem o mesmo objetivo. E para alguém que saiu da faculdade querendo afirmar que o jornalismo tinha sido a escolha correta, encarei alguns momentos bem feios, em que tinha plena consciência de que estava fazendo exatamente o que se espera de um jornalista. E EU ODIAVA. Tinha lutado para trabalhar na área e, quando cheguei aonde queria, aquilo não me dava prazer algum. Pelo contrário. Ir para o trabalho diminuía minha vontade de viver [momento identificação # 3].
(Fim da digressão)
No fim da temporada passada, Cristina se tornou uma cirurgiã cardio-torácica. Era tudo o que ela sempre quis ser. E foi a pior experiência da vida dela. Destruiu todos os paradigmas tão bem alicerçados do que significava “ser Cristina Yang”. Ela odeia estar no hospital agora. Odeia o que tem que fazer, mesmo que consiga fazer.
E se Yang culpa Meredith por isso, é porque ela tem direito depois do que passou. Mesmo que não esteja certa. Ao contrário do que Grey diz no final, Cristina não a odeia. Ela simplesmente precisava de um foco para extravasar tudo o que estava sentindo – e a melhor amiga foi uma escolha segura. E após finalmente botar para fora todo o turbilhão que estava reprimindo, Yang conseguiu entender e admitir o que queríamos todos ignorar: ser uma cardiogoddess não era mais tudo que ela queria. Aliás, ela nem sabe se quer cirurgiã.
Daí, ela pediu demissão.
Agora que essa storyline começa a se desenvolver, é interessante ver por que Shonda Rhimes criou essa situação toda. Era a única forma de mudar Yang. De questionar aquela certeza toda sobre quem ela era. Depois de sete temporadas, Cristina está sendo obrigada a reconhecer que trocar o namorado por uma chance melhor na carreira talvez não seja tão saudável assim.
Apesar de acreditar que ela vai voltar pro hospital, não sei como isso vai acontecer. E isso é bom.
P.S.: Teve também uma paciente que queria aumentar a bunda. E a atriz merece os créditos por nos convencer de que essa não era simplesmente uma história idiota: aumentar a bunda era mesmo muito importante pra ela.
2 respostas para “Grey’s anatomy 7×07 “That’s me trying””
Eu achava que a Christina ia ter um estalo, lampejo de genialidade e voltar a ser uma cardiogoddess. Mas e agora, como ela vai voltar pro hospital?
1- Seria muito fácil e simplista se fosse assim. Ainda bem que eles estão tratando essa de história de forma mais realista que o usual em Grey’s.
2- Não tenho a mínima ideia. E isso é bom.