Wall Street 2: O dinheiro nunca dorme


Wall Street: Money Never Sleeps (2010)
Wall Street: Money Never Sleeps poster Direção: Oliver Stone
Elenco: Richard Stratton, Harry Kerrigan, Michael Douglas, Carey Mulligan


Um jovem aprendiz perde seu mentor e precisa lutar contra os próprios instintos para não ceder ao lado negro da Força. No meio disso tudo, uma ameaça invisível, um vilão marcante e termos técnicos que você não faz a mínima idéia do que significam.

Não, não é “Star Wars”.

É “Wall Street – O dinheiro nunca dorme”. A continuação do filme de 1987 que rendeu o Oscar de melhor ator para Michael Douglas no papel do icônico Gordon Gekko aproveita a atual crise econômica mundial para explorar a velha dicotomia do bem x mal e do certo x errado, criando um microuniverso onde ética e ambição são discutidas – e discutíveis.

O diretor Oliver Stone amplia a estrutura familiar do longa original para discutir a ganância como pecado maior da humanidade, em uma trama que mistura vingança, sedução, conflitos familiares e crise financeira. No primeiro filme, o ambicioso yuppie Bud Fox (Charlie Sheen) entrava em um conflito ético ao ser obrigado a escolher entre os valores do pai sindicalista e do mentor Gekko. Na continuação, sai Bud e entra Jake (LaBeouf), jovem investidor da Bolsa e noivo de Winnie (Mulligan), filha de Gekko.

Michael Douglas está confortável no papel da sua vida, fazendo do protagonista uma espécie de demônio: traiçoeiro, sedutor e de fala mansa, você nunca consegue perceber seus reais interesses e qual a função de cada peça no seu plano geral. Mas ele não é o vilão da história. Em mais uma boa interpretação de Josh Brolin, Bretton James é a ganância sem escrúpulos que consome a tudo e a todos ao seu redor. No meio disso tudo, Jake e Winnie são figuras perdidas em um furacão, lutando para se manter fieis às próprias crenças e valores.

O quarteto funciona bem, mas LaBeouf é claramente o elo mais fraco. Há também uma tentativa de redenção de Gekko que nunca é bem explicada e acaba retirando um pouco da força do personagem. Mas Stone mantém o ritmo com mão firme, conseguindo organizar bem as várias subtramas da história (sendo a que envolve a mãe de Jake a mais dispensável). Ao filmar os prédios de Nova Iorque com ângulos quase sensuais, o diretor demonstra a sedução oferecida pela “selva de pedra”, transformando em fetiche estruturas imponentes que, na verdade, são apenas a fachada brilhante escondendo o lado negro da avareza humana.

Apesar da óbvia metáfora envolvendo bolhas de sabão e da inspirada trilha sonora, “Wall Street” consegue mesmo dizer a que veio quando se concentra em mostrar que aquilo que se vê e escuta nunca é exatamente o que parece. E quando se perde o controle sobre essas aparências, o desastre pode ser global.

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