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Sacolão # 14
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Mombojó faz papapa, Coldplay faz sentido, Deerhunter faz barulho, Alexis Taylor is full of love e ninguém é de ninguém na BBC.
(Ah, comecei a postar os futuros posts da coluna no Ortlist . Se você estiver curioso ou entediado no trabalho, assina as postagens lá e depois comenta aqui: "galvão, eu já sabia").
"Papapa" - Mombojó
Por vários motivos me identifiquei com essa "Papapa", nova do Mombojó. Pra começar, sou a favor de pa -pa -pa ´s em letras de música. Tem também o fator climático: Felipe S fala sobre "suor escorendo na pele" e o "sonho de dormir na geladeira", o que me remete à sensação de ver meu chinelo derreter no asfalto em um verão de Recife. Além disso, depois de ter virado um quinteto (com a morte do Rafa e da saÃda do Marcelo Campello ), o Mombojó parecem ter ficado mais amigo de guitarras e power pop. "Papapa", que já tinha rolado em shows no Rio e em São Paulo , foi uma das músicas que eles tocaram no MTV Apresenta Sintonizando Recife , gravado junto com Maquinado, China e 3namassa.
"Rainy Day" - Coldplay
O Coldplay não é uma banda tão ruim quanto gostaria de ser.* Desde que o Chris Martin virou um Boninho Vox eu perdi a fé no Coldplay, mas na hora de ouvir os discos e não consigo não achar algo bom . Esse EP Prospekt's March , por exemplo: só o fato de não ser um mega-lançamento permite uma despretensão, uma leveza que não existia mais. "Rainy Day" nem é uma grande música, mas o ritmo quebrado e os teclados saltitantes do começo são um choque térmico com a atual sisudez deles. O massacre de cordas volta no (bom) refrão, mas mesmo assim, de certa maneira, nem parece Coldplay. E isso já virou um elogio.
* Passei os quinze últimos minutos em busca do autor dessa frase (deve ser do Pitchfork), mas me identifiquei tanto que roubei pra mim.
"Nothing ever happened" - Deerhunter
Transformar o estranho em familiar, o barulho descontrolado em uma escultura detalhista e grandiosa. As pretensões do Pavement e do Sonic Youth , passados seus perÃodos ativos /criativos , estão adormecidas na era da fita cassete. Não para o Deerhunter, banda de Atlanta liderada pelo guitarrista, vocalista e freak Bradford Cox, que atualiza tudo isso em 2008 e só muda o suporte para os blogs de mp3. "Nothing Ever Happened" comprova a afirmação anterior e ainda responde à seguinte pergunta: se genéricos irrelevantes de Pavement e Sonic Youth surgiram o tempo todo desde os anos 90, de onde vem a relevância do Deerhunter? É que a força de criação deles supera o pastiche, com novas paisagens detalhistas e grandiosas, seus "micro-castelos". Microcastle é o nome do terceiro disco, de onde saiu "Nothing ever happened".
"I thougt this was ours" - Alexis Taylor
Frio como o Kraftwerk, sentimental como o Elton John. Essa dupla personalidade musical que me intriga no Hot Chip aparece também no primeiro disco solo do seu vocalista, Alexis Taylor, ora romântico-quase-brega, ora experimental-quase-mala. Mas se Made In the Dark , último disco dos ingleses, se equilibrava entre a catarse pública e o drama privado, Rubbed Out, o CD de Taylor (o Coringa do clipe de "Ready for the floor" ) pende para o lado mais intimista. O moço dispensa aquela festa de instrumentos e sons da banda e dá preferência pra músicas mais calmas, como essa "I thought this was ours". O Pitchfork fez comparou com The Eraser , estréia solo do Thom Yorke. Faz sentido: com o risco de o seu grupo tomar um caminho confuso, ele (Alexis ou Thom) cortou a gordura e fez um disco simples, que não vai ser um grande estouro mas é uma ótima chance de o músico colocar as idéias no lugar e a gente se divertir enquanto o novo da banda não vem.
Ninguém é de ninguém na BBC
Keane canta Dizze Rascal, que canta Ting Tings, que canta Gossip. Glasvegas, Elbow e Panic at the Disco cantam a Amy Winehouse. A promiscuidade aconteceu no Live Lounge com Jo Wiley, da BBC Radio 1 . No ano passado, a rádio completou 40 anos e lançou um CD duplo com versões de bandas atuais para uma música de cada ano, desde 1967 . 2008 foi tão movimentado que já dava pra fazer uma segunda edição só com covers atuais. A orgia nem sempre é excitante - Kaiser Chiefs e Katy Perry encaretam o MGMT, o Keane define a vergonha alheia misturando Queen com Dizee Rascal. A Leona Lewis embarangou (mais) o Snow Patrol e foi agraciada com o primeiro lugar das paradas . Em compensação, os bons momentos rolam quando os artistas não escondem suas personalidades atrás das releituras, como o Last Shadow Puppets e o Dizee mudando a Rihanna e os Ting Tings e o Elbow e o Glasvegas disputando quem aumenta mais a depressão de "Back to black" da Amy.
Last Shadow Puppets - "SOS" (Rihannna)
Elbow - "Back to black" (Amy Winehouse)
Glasvegas - "Back to black" (Amy Winehouse)
Panic at the Disco - "Valerie" (Zutons / Amy Winehouse)
Dizzee Rascal - "That´s not my name" (Ting Tings)
Ting Tings - "Standing on the way of control" (Gossip)
Keane - "Another one bites the dust/Dance Wiv me" (Dizee Rascal/Queen)
Sam Sparro - "American Boy" (Estelle)
Leona Lewis - "Run" (Snow Patrol)
Adele - "Last Nite" (Strokes)
Katy Perry - "Electric Feel" (MGMT)
Kaiser Chiefs - "Time to pretend" (MGMT)
Kate Nash - "Seven Nation Army" (White Stripes)
Fratellis - "Mercy" (Duffy)
-- Rodrigo Ortega é um assassino de blogs ortega@pilulapop.com.br
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