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Sacolão
Rodrigo Ortega
A oferta de novidades musicais está cada vez mais extensa. O Pílula facilita as coisas com listas periódicas de 5 produtos selecionados e fresquinhos nas prateleiras.

Sacolão # 14

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Mombojó faz papapa, Coldplay faz sentido, Deerhunter faz barulho, Alexis Taylor is full of love e ninguém é de ninguém na BBC.

(Ah, comecei a postar os futuros posts da coluna no Ortlist. Se você estiver curioso ou entediado no trabalho, assina as postagens lá e depois comenta aqui: "galvão, eu já sabia").

"Papapa" - Mombojó
mombo
Por vários motivos me identifiquei com essa "Papapa", nova do Mombojó. Pra começar, sou a favor de pa-pa-pa´s em letras de música. Tem também o fator climático: Felipe S fala sobre "suor escorendo na pele" e o "sonho de dormir na geladeira", o que me remete à sensação de ver meu chinelo derreter no asfalto em um verão de Recife. Além disso, depois de ter virado um quinteto (com a morte do Rafa e da saída do Marcelo Campello), o Mombojó parecem ter ficado mais amigo de guitarras e power pop. "Papapa", que já tinha rolado em shows no Rio e em São Paulo, foi uma das músicas que eles tocaram no MTV Apresenta Sintonizando Recife, gravado junto com Maquinado, China e 3namassa.



"Rainy Day" - Coldplay

O Coldplay não é uma banda tão ruim quanto gostaria de ser.* Desde que o Chris Martin virou um Boninho Vox eu perdi a fé no Coldplay, mas na hora de ouvir os discos e não consigo não achar algo bom. Esse EP Prospekt's March, por exemplo: só o fato de não ser um mega-lançamento permite uma despretensão, uma leveza que não existia mais. "Rainy Day" nem é uma grande música, mas o ritmo quebrado e os teclados saltitantes do começo são um choque térmico com a atual sisudez deles. O massacre de cordas volta no (bom) refrão, mas mesmo assim, de certa maneira, nem parece Coldplay. E isso já virou um elogio.

* Passei os quinze últimos minutos em busca do autor dessa frase (deve ser do Pitchfork), mas me identifiquei tanto que roubei pra mim.


"Nothing ever happened" - Deerhunter
deer
Transformar o estranho em familiar, o barulho descontrolado em uma escultura detalhista e grandiosa. As pretensões do Pavement e do Sonic Youth, passados seus períodos ativos/criativos, estão adormecidas na era da fita cassete. Não para o Deerhunter, banda de Atlanta liderada pelo guitarrista, vocalista e freak Bradford Cox, que atualiza tudo isso em 2008 e só muda o suporte para os blogs de mp3. "Nothing Ever Happened" comprova a afirmação anterior e ainda responde à seguinte pergunta: se genéricos irrelevantes de Pavement e Sonic Youth surgiram o tempo todo desde os anos 90, de onde vem a relevância do Deerhunter? É que a força de criação deles supera o pastiche, com novas paisagens detalhistas e grandiosas, seus "micro-castelos". Microcastle é o nome do terceiro disco, de onde saiu "Nothing ever happened".



"I thougt this was ours" - Alexis Taylor
alexis
Frio como o Kraftwerk, sentimental como o Elton John. Essa dupla personalidade musical que me intriga no Hot Chip aparece também no primeiro disco solo do seu vocalista, Alexis Taylor, ora romântico-quase-brega, ora experimental-quase-mala. Mas se Made In the Dark, último disco dos ingleses, se equilibrava entre a catarse pública e o drama privado, Rubbed Out, o CD de Taylor (o Coringa do clipe de "Ready for the floor") pende para o lado mais intimista. O moço dispensa aquela festa de instrumentos e sons da banda e dá preferência pra músicas mais calmas, como essa "I thought this was ours". O Pitchfork fez comparou com The Eraser, estréia solo do Thom Yorke. Faz sentido: com o risco de o seu grupo tomar um caminho confuso, ele (Alexis ou Thom) cortou a gordura e fez um disco simples, que não vai ser um grande estouro mas é uma ótima chance de o músico colocar as idéias no lugar e a gente se divertir enquanto o novo da banda não vem.



Ninguém é de ninguém na BBC
Keane canta Dizze Rascal, que canta Ting Tings, que canta Gossip. Glasvegas, Elbow e Panic at the Disco cantam a Amy Winehouse. A promiscuidade aconteceu no Live Lounge com Jo Wiley, da BBC Radio 1. No ano passado, a rádio completou 40 anos e lançou um CD duplo com versões de bandas atuais para uma música de cada ano, desde 1967. 2008 foi tão movimentado que já dava pra fazer uma segunda edição só com covers atuais. A orgia nem sempre é excitante - Kaiser Chiefs e Katy Perry encaretam o MGMT, o Keane define a vergonha alheia misturando Queen com Dizee Rascal. A Leona Lewis embarangou (mais) o Snow Patrol e foi agraciada com o primeiro lugar das paradas. Em compensação, os bons momentos rolam quando os artistas não escondem suas personalidades atrás das releituras, como o Last Shadow Puppets e o Dizee mudando a Rihanna e os Ting Tings e o Elbow e o Glasvegas disputando quem aumenta mais a depressão de "Back to black" da Amy.

Last Shadow Puppets - "SOS" (Rihannna)


Elbow - "Back to black" (Amy Winehouse)


Glasvegas - "Back to black" (Amy Winehouse)


Panic at the Disco - "Valerie" (Zutons / Amy Winehouse)


Dizzee Rascal - "That´s not my name" (Ting Tings)


Ting Tings - "Standing on the way of control" (Gossip)


Keane - "Another one bites the dust/Dance Wiv me" (Dizee Rascal/Queen)


Sam Sparro - "American Boy" (Estelle)


Leona Lewis - "Run" (Snow Patrol)


Adele - "Last Nite" (Strokes)


Katy Perry - "Electric Feel" (MGMT)


Kaiser Chiefs - "Time to pretend" (MGMT)


Kate Nash - "Seven Nation Army" (White Stripes)


Fratellis - "Mercy" (Duffy)

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Rodrigo Ortega é um assassino de blogs
ortega@pilulapop.com.br

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