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O intocável

22.06.09

por Daniel Oliveira

Trama internacional

(The International, EUA/Reino Unido/Alemanha, 2009)

Dir.: Tom Tykwer
Elenco: Clive Owen, Naomi Watts, Armin Müeller-Stahl, Ulrich Thomsen, Patrick Baladi, Jay Villiers, Luca Barbareschi

Princípio Ativo:
o tiroteio no Guggenheim

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Há pelo menos uma sequência antológica em “Trama internacionalâ€. Um tiroteio travado em pleno Guggenheim, um dos museus mais famosos de Nova Iorque, no encontro surreal do que existe de mais cult na arte hoje com o exemplar máximo da produção popular de Hollywood: miolos sendo estourados enquanto videoarte é exibida nas paredes.

O banho de sangue é fotografado e editado com perfeição briandepalmaniana pelo diretor Tom Tykwer & cia. e, quando alguém te perguntar sobre o filme, é só responder:

“É aquele com o tiroteio no Guggenheim?â€

E você vai ter dito tudo. Porque, além disso, não há nada de memorável no longa. A tal trama envolvendo o malévolo banco International do título conta com a sorte de ser mais atual que nunca, em meio ao caos da crise financeira, mas fora isso explora todos os clichês do gênero “thriller corporativoâ€, sem trazer nada de novo. Os diálogos são excessivamente explicativos e longos, o que torna o ritmo arrastado, e os personagens são desenvolvidos pela metade.

Clive Owen faz o que pode como Louis Salinger (a referência ao desencantado escritor não poderia ser mais óbvia), o agente de estopim curto da Interpol obstinado em encontrar provas de que o International está comprando armas para governos do terceiro mundo, com o objetivo de controlá-los financeiramente. Ele conta com a ajuda da promotora nova-iorquina Eleanor Whitman, interpretada por uma Naomi Watts que também se esforça, mas não tem o que fazer com uma personagem absolutamente sem sal.

Nem o habitual apuro técnico de Tom Tykwer, nem a exuberância das locações europeias, conseguem salvar o filme da extrema monotonia. “Trama internacional†não chega a ser um bom filme de ação como a trilogia Bourne, nem apresenta a inteligência ou o a intensidade de um “Conduta de riscoâ€.

Restam a ótima participação do veterano ator Armin Müeller-Stahl (de “Senhores do crime†e “Anjos e demôniosâ€), que rouba a cena no final, e a comparação inevitável com os thrillers hitchcockianos – principalmente com a tradução brasileira. E, infelizmente para os talentos envolvidos, a balança pesa mais pra esse resto de cá do que de lá.

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Toma isso, Godard!

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