Vida de super-herói S.A.: procurando diversão
16.12.04
por Daniel Oliveira
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Os IncrÃveis
(The Incredibles, EUA, 2004)
Direção: Brad Bird
Elenco: Vozes de Craig T. Nelson, Holly Hunter, Samuel L. Jackson e Jason Lee
Princípio Ativo: Bytes, muitos bytes
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Astros monoexpressivos de Hollywood, tremei. Diretores picaretas, amarrem suas calças. Roteiristas clichê, desesperem-se. A ameaça que invade o cinema não é nem um pouco fantasma, nem mesmo biológica. Ela é digital. E a principal “organização terrorista†desse combate com armas de CGI se chama Pixar.
O último petardo enviado por ela contra a falta de criatividade, humor e talento, “Os IncrÃveisâ€, é a história do Senhor IncrÃvel, um super-herói obrigado pelo governo a não utilizar mais seus poderes, depois de ser processado por uma vÃtima que não queria ser salva. Ele, então, tenta viver como um cidadão normal, ao lado da esposa – a Mulher Elástica – e os três filhos, dos quais dois têm superpoderes (o menino Flecha, que corre mais rápido que um jato; e Violeta, a adolescente que fica invisÃvel e cria campos de força).
O filme apresenta diálogos afiados e ironia fina. Sim, a animação pode encantar as crianças que lotam os cinemas nas férias, mas não é direcionada a esse público. “Os IncrÃveis†faz referência a temas que a maior parte da gurizada ainda nem sonha em entender: os poderes da “superfamÃlia†são análogos aos dos membros do Quarteto Fantástico (que chega aos cinemas em 2005); a trama de super-heróis que são obrigados pelo governo a se esconder é descaradamente emprestada de Watchmen, famosa HQ criada por Alan Moore (de “A Liga Extraordináriaâ€); a trilha de Michael Giacchino e Tim Simonec é uma homenagem divertida à série James Bond. E, se a gente quiser extrapolar só um pouquinho, consegue enxergar no vilão SÃndrome o reflexo de um certo texano que quer se fazer de herói para o público espalhando arma e caos por tudo quanto é paÃs.
A trama se equilibra entre o desejo incontido de Beto Pêra (o alter-ego comum do Sr. IncrÃvel) de voltar aos seus áureos tempos, enquanto Helena, sua mulher, luta para se enquadrar e a seus filhos na vida suburbana. Assim como Ang Lee tentou fazer em “Hulkâ€, o diretor Brad Bird alterna o drama familiar à s seqüências de ação. A fotografia do filme reproduz enquadramentos de HQs e consegue ser simples e detalhista em cada plano, como nas tomadas noturnas da ilha de SÃndrome. A competência técnica da Pixar na animação digital é insuperável, o que fica claro nas expressões faciais dos personagens.
Você sempre teve a curiosidade de saber como são feitos os uniformes dos super-heróis? Prepare-se para descobrir nesse filme, que veio desbancar Shrek 2 e Homem Aranha 2 de seus postos de animação do ano e filme de super-herói do ano, ao mesmo tempo. É mole ou quer mais?
Como é bonito ver a famÃlia unida...
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