Toda vez que eu viajava...
07.03.09
por TaÃs Oliveira
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O menino da porteira
(Brasil, 2009)
Dir: Jeremias Moreira
Elenco: Daniel, José de Abreu, Vanessa Giácomo, João Pedro Carvalho, Rosi Campos, Eucir de Souza, Antônio Edson
Princípio Ativo: berrante
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Aproveitando o caminho aberto por “2 filhos de Franciscoâ€, o diretor Jeremias Moreira e o produtor Moracy do Val decidiram refilmar “O menino da porteiraâ€, colocando Daniel no papel que foi de Sérgio Reis na produção deles mesmos em 1976. Baseado na música homônima, o filme preenche o vácuo entre o segundo e terceiro versos com uma trama envolvendo um boiadeiro que transporta gado, um latifundiário malvado, um romance e uma criança. É basicamente a história inicial de “Austrália†(e que, fosse a única, teria salvado a superprodução).
Mesmo compartilhando a temática rural, a presença de cantores sertanejos e até uma morte prematura (garantia de lágrimas), “O Menino da porteira†não tem a mesma emoção de “2 filhosâ€. O diretor tinha a faca e o queijo na mão e, mesmo assim, não faz um filme tocante, deixando todo o mérito para os aspectos técnicos, impecáveis.
Cenografia e figurino conseguem mostrar desgaste e a simplicidade, ao mesmo tempo sendo bonitos e inspiradores. A veracidade chega a impressionar, dada a incoerência de certas produções brasileiras que colocam boiadeiros do interior e cowboys americanos no mesmo saco. Já a fotografia aproveita os belos cenários bucólicos e prova sua qualidade nas várias cenas gravadas ao amanhecer, quando é claro mas ainda é escuro – assim como a fazenda Ouro Fino, com as maldades do major e a bondade de Juliana.
Mas o grande destaque é a trilha sonora, quase obrigação em um filme inspirado por uma música. A maioria das canções são clássicos sertanejos, muitas vezes na voz de Daniel, friamente calculados não só para o filme, mas também para render uns trocados a mais no CD. E assim como a letra de “O Menino da Porteira†foi transportada para a tela, a trilha também usa outras músicas para ‘narrar’ os acontecimentos. Exemplo é “Ãndiaâ€, tocada quando a bela Juliana toma um banho de cachoeira.
Quem deixa a desejar é o tal menino da porteira, Rodrigo, num caso em que o carisma infantil não foi suficiente para cobrir a (compreensÃvel) falta de talento. Mas José de Abreu compensa tudo com sua atuação fantástica. Ele extrai o máximo do estereótipo de vilão, removendo até uma ponte para criar a dor de dente do personagem.
Já Daniel, como ator, é um cantor razoável. Nos momentos em que ele toca e canta, a distância entre o sertanejo contemporâneo e o das décadas passadas fica claro: Sérgio Reis faz falta. O próprio cantor reconheceu que sua atuação poderia ter sido (bem) melhor. Mas, para quem tem como experiência de interpretação filmes da Xuxa e Didi, a vergonha alheia é menor do que se poderia imaginar.
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Essa vai para o Orkut!
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