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Torturas de Natal

21.01.09

por Mariana Marques

Surpresas do amor

(Four christmases, EUA, 2008)

Dir.: Seth Gordon
Elenco: Vince Vaughn, Reese Witherspoon, Robert Duvall, Jon Favreau, Sissy Spacek, Kristin Chenoweth, Jon Voight, Mary Steenburgen

Princípio Ativo:
clichês de natal

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Brad (Vince Vaughn) e Kate (Reese Witherspoon) formam um casal super cool. Moram juntos, mas não são casados oficialmente. Não querem bebês porque sabem o quanto os pais podem decepcionar os filhos. Fazem aulas de dança apenas por prazer e realizam fantasias sexuais fingindo que são estranhos num bar. A companhia de um basta ao outro.

Basta tanto que, até no Natal, Brad e Kate mentem para escapar das celebrações. Mas a viagem que iriam fazer a Fiji dá errado por causa do mau tempo. A coisa piora quando uma repórter os entrevista no aeroporto e os parentes os vêem pela TV. Resta ao “casal super cool†fazer a peregrinação natalina pelas famílias - que são quatro, já que os pais dos dois são divorciados.

O que incomoda de cara em “Surpresas do amor†é a díficil empatia pelo casal. O mundo está cheio de pessoas legais que fazem o sacrifício de passar o Natal com as famílias e seus clichês: o tio bêbado mala, a tia que só faz perguntas indiscretas e os priminhos pentelhos. Sem eles e sem as brigas, o Natal não seria o Natal. Quando o plano de fuga do casal fracassa, dá até um certo alívio saber que eles vão passar por algum tipo de constrangimento. Isso pra não falar que é sempre legal ver Reese Whiterspoon (sem sal, má atriz e ladra de Oscar) apanhar de uma criança.

A comédia pastelão toma conta durante a primeira visita, que é à casa de Howard (Robert Duvall), pai de Brad. A desculpa para a pancadaria gratuita é que os irmãos são lutadores de luta livre. Na casa da mãe de Kate, a humilhação se dá com lembranças do passado, incluindo traumas de infância e um álbum de fotografias bem desonroso. É também durante essa visita que é inserida a parte mais deslocada do filme, com uma encenação do nascimento de Jesus completamente dispensável.

O terceiro encontro natalino é com a mãe de Brad (Sissy Spacek) e inclui um dos momentos mais bem humorados do longa, quando a família decide brincar num desses joguinhos competitivos (sabemos bem o quanto essa idéia é errada em reunião de família). E o tempo que resta para o quarto Natal, com o pai de Kate (Jon Voight), é tomado pela parte sentimentalóide, com direito a lição de moral rasa e previsível.

A expectativa é baixa quando se trata de um filme com Reese Witherspoon, o que acaba se tornando uma vantagem no final. Olhando o cartaz e a sinopse parece que a coisa vai ser até pior, mas é possível dar algumas risadinhas. E, de qualquer maneira, a duração é curta. Garanto que dura menos que os Natais torturantes a que somos submetidos todo final de ano.

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