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Chuva de dinheiro

16.12.08

por Taís Oliveira

Fim da linha

(Brasil, 2008)

Dir.: Gustavo Steinberg
Elenco: Rubens de Falco, Leonardo Medeiros, Daniela Camargo, Maria Padilha, Lulu Pavarin, Gisela Reimann, Bruno Fagundes

Princípio Ativo:
dinheiro

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O que esperar de um filme brasileiro de diretor estreante com uma sinopse horrível envolvendo chuva de dinheiro? Desapontando minhas expectativas, felizmente, “Fim da Linha†não é uma novela em tela grande, apesar do elenco fraco. E é pela expectativa baixa que ele parece ser bom.

Crítica social com clima de piada, o filme tem momentos inteligentes alternados com outros exageradamente óbvios - a briga pelo dinheiro que caía do céu numa manifestação pela paz, por exemplo. Enquanto todo mundo se estapeava por uma notinha no chão, um saco cheio de dinheiro estava ali, bem do lado de todo mundo. São vários personagens, representando cada parcela da sociedade brasileira: um deputado (corrupto), um jornalista (idealista), uma advogada (mulher do jornalista), o filho adolescente (interpretado pelo filho de Antônio Fagundes), velhinhos, índios, catador de papel, pedinte/ladra (surda-muda, negra e analfabeta) e motoristas de táxi. E um bebê de olhos azuis.

Apesar da experiência como roteirista e produtor, Gustavo Steinberg ainda tem um longo caminho a percorrer na direção. A crítica irônica empolga e cria expectativas para os 76 minutos de filme. Ver a conversa de dois adolescentes sobre democracia se revelar apenas uma tática de jogo de videogame é ótimo, mas ver a piada se repetir várias vezes não. Só faltou um desenho para explicar as críticas à sociedade (quem sabe Gabriel Moon e Fábio Bá, quadrinistas gêmeos que fizeram o storyboard e cujos nomes aparecem “secretamente†durante o filme, podiam ajudar nisso?).

Ótima até o final, a trilha sonora é o que te conquista primeiro e o ponto alto do filme. Feita pelo co-roteirista Guilherme Werneck, o diretor e roteirista Steinberg e a mulher dele, Maria Brant, ela vai dos brasileiros Cidadão Instigado e Cartola aos indies americanos Andrew Bird, Spoon e Gogol Bordello. Por fim, as canções estranhas dos conterrâneos do Pexbaa se encaixam perfeitamente no clima nonsense da São Paulo de “Fim da Linhaâ€.

Com sua despreocupação estética, o longa tem seus melhores momentos nas frases do deputado Ernesto e nos trechos do documentário sobre o golpista italiano Charles Ponzi, que aparecem intercalando as cenas. Inspirado na lenda de que um funcionário do Banco Mundial teria dito que jogar dinheiro de um helicóptero seria a única forma eficaz de distribuição de renda, “Fim da Linha†encena a ‘idéia’ e termina mostrando, literalmente, que dinheiro é papel. Ironicamente, a promoção de pré-estréia do filme dava três mil reais para o vencedor.

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Mezzo doentio mezzo fofo.

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