Uma câmera na mão, uma idéia (sem) cabeça
17.11.08
por Daniel Oliveira
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[REC]
(Espanha, 2007)
Dir.: Jaume Balagueró e Paco Plaza
Elenco: Manuela Velasco, Ferran Terraza, Jorge Serrano, Pablo Rosso, David Vert, Vicente Gill, Martha Carbonell, Carlos Vicente
Princípio Ativo: a(o) câmera
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A trama de [REC] é tão rasa e repetida que chega a ser quase uma bobagem. Mas sua realização é tão sacada e interessante que torna o filme praticamente imperdÃvel.
Produção espanhola de 2007 (já refilmada nos EUA, com o nome de “Quarantineâ€), [REC] apresenta uma repórter de TV, Ângela Vidal (Velasco), acompanhando a noite de um quartel de bombeiros. Seguindo o resgate de uma mulher histérica presa em seu apartamento, ela e seu cinegrafista, Pablo, acabam presos no prédio com a dupla de bombeiros, os vizinhos e policiais presentes. Depois de uma série de ataques sangrentos e bizarros, eles são (mal) informados de que alguma espécie de perigo biológico se encontra no prédio e não poderão sair até que ele seja controlado.
A grande sacada dos diretores Jaume Balagueró e Paco Plaza é mostrar isso tudo através da câmera de Pablo, como se assistÃssemos ao material bruto captado para o programa. Cortes só são feitos quando a câmera é desligada e os personagens estão o tempo todo lidando – além do medo/pânico/desespero – com a presença de alguém os filmando ali.
Isso torna muito mais interessante o medo/pânico/desespero orquestrado pelos diretores e encenado pelo bom elenco. Eles não estão só reagindo a uma série de eventos horrÃveis e inesperados, como em qualquer filme de terror. Estão também atuando para uma câmera - numa espécie de “The Office†do inferno.
O próprio espectador passa a se preocupar com ela: se será ligada de novo após cada corte, se perderá algo importante, se fita e bateria não vão acabar...E essa câmera viva e presente em todos os momentos faz do nunca visto Pablo o grande herói de “[REC]â€. Não por acaso, esse é o nome do diretor de fotografia do longa, Pablo Rosso, que brinca com a iluminação chapada do telejornalismo e com os escuros que ela implica ao redor para causar ainda mais medo e aflição no espectador. Em determinados momentos, a luz de sua câmera passa a ser a única no recinto – e o cinegrafista, tão odiado por alguns no inÃcio, é a quem todos precisam recorrer.
Na ausência de trilha musical, é a ótima edição de áudio que completa a receita daquele bom e velho prato “Tem algo errado aqui, isso não vai terminar bem†– o único porém é o excesso de gritaria, principalmente da atriz Manuela Velasco, que lá pelas tantas dói o ouvido e insinua falta de inspiração. Mas não chega a estragar o conjunto que, auxiliado por zumbis dignos de George Romero, vai te deixar pregado na poltrona. Mesmo. Não fosse pelas desnecessárias e batidÃssimas explicações no final, poderia ser genial. Com elas, é simplesmente 1h30 de muito cagaço e diversão.
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