LetÃcia e o Capitão
15.11.08
por Daniel Oliveira
|
Romance
(Brasil, 2008)
Dir.: Guel Arraes
Elenco: Wagner Moura, LetÃcia Sabatella, Andréa Beltrão, Vladimir Brichta, José Wilker, Marco Nanini
Princípio Ativo: Moura e Sabatella
|
|
receite essa matéria para um amigo
“Romance†é a mistura da metalinguagem de Jorge Furtado com o ritmo cômico de Guel Arraes – ambos roteiristas do longa. Aà você me pergunta: mas “Romance†não tem... romance? Sim. Mas ele é mérito quase exclusivo da charmosa quÃmica da dupla de protagonistas Wagner Moura e LetÃcia Sabatella, já que os dois primeiros ingredientes estão tão imersos em sua própria genialidade que se esquecem do porquê de estarem ali.
Moura é Pedro, diretor de teatro que se apaixona pela atriz Ana (Sabatella), durante uma montagem de “Tristão e Isoldaâ€. A peça é mote para os dois entrarem em longas discussões sobre o surgimento – e o sofrimento – do amor romântico e da paixão. Pedro está tão embrenhado no universo do amor trágico que começa a aplicar suas regras na realidade. Ana é corajosa e apaixonada, mas inocente. Claro que os dois se apaixonam. Mas ela vai fazer novela, ele ressente isso. Acabam se separando...
Arraes e Furtado escrevem bem e mesmo as longas falas sobre teorias do amor não soam forçadas, misturadas com o flerte bem encenado de Moura e Sabatella. Mesmo fora do gênero comédia que o consagrou, Arraes continua dirigindo os diálogos em ritmo alucinado, então, em vez de se entediar com longas falas, você vai ter dificuldade em acompanhá-las em alguns momentos.
Essa é provavelmente a principal falha do longa: o diretor invade a história do filme com tantos traços de seu estilo, que acaba por sufocar o grande cerne dele: o amor de Pedro e Ana. As transições dos registros teatral para o televisivo são muito bem filmadas e montadas com esmero por Gustavo Giani (do ótimo “Linha de passeâ€). Andréa Beltrão tirando um sarro de Paula Lavigne e José Wilker de Daniel Filho estão impagáveis. E nem a trilha batidÃssima de Caetano Veloso consegue estragar os bons momentos românticos.
Então, qual o problema? Aà chega Arraes com um tal especial nordestino de fim de ano no filme. E ele acaba sendo exatamente isso: um especial televisivo no meio do filme. Usado como recurso do roteiro para reunir o casal protagonista, ele acaba tirando o foco deles e botando no estilo Arraes Nordeste remix. A participação de Marco Nanini é totalmente desnecessária e a metalinguagem começa a ficar tão embolada, a ponto de o espectador desistir de acompanhá-la e ficar com saudade do filme que tinha começado a assistir – com Pedro e Ana e romance...
“Romance†poderia ter sido um Ótimo filme sobre como buscamos ideais de paixão imortalizados pela ficção, ao invés de nos empenharmos em aprender a construir um amor que funcione (e dure) na realidade. E ele começa assim. Só que aà chega o Guel Arraes.
Mais pÃlulas:
- Saneamento básico - o filme
- Brilho eterno de uma mente sem lembranças
- Overdose Pessoas são lugares, o amor é um tempo
- ou Navegue por todas as crÃticas do PÃlula
Moura e Sabatella: o amor é pura encenação.
» leia/escreva comentários (3)
|