Regendo dramas
05.11.08
por TaÃs Oliveira
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Orquestra dos meninos
(Brasil, 2008)
Dir: Paulo Thiago
Elenco: Murilo Rosa, Priscila Fantin, Othon Bastos
Princípio Ativo: vim, vi, venci
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O cinema brasileiro parece se limitar a escolher entre três caminhos: o do melodrama, o da violência, e o das comédias-Globo-Filmes. Em “Orquestra dos Meninosâ€, o diretor Paulo Thiago ficou com a primeira opção. Baseado na história real de Mozart Vieira, músico que montou uma orquestra com crianças carentes de Sergipe e teve que enfrentar, além das adversidades de sempre (dinheiro, estrutura), uma acusação de pedofilia. Uma história bonita, de luta e vitória.
Não fossem todos os clichês.
No filme, o ato admirável de Mozart se torna mero motivo de inveja, que faz com que todos queiram destruÃ-lo a qualquer custo. A parte do herói injustiçado dá até para entender, mas e o ódio gratuito? Motivações polÃticas e a boca miúda das cidades pequenas ajudam, mas nenhuma explicação satisfatória aparece para justificar a inveja sem limites.
O personagem de Othon Bastos, coitado, é a concentração de todos os invejosos destruidores de orquestras. Ele passa de professor legal a professor que não gosta do barulho a professor que odeia Mozart por o considerar adversário polÃtico. Não é Chaves, mas parece que colocaram o mesmo ator para interpretar vários papéis.
Algumas cenas do filme são tão dramáticas que chegam a ser engraçadas. Uma tentativa de suicÃdio começa supostamente tensa e termina como uma piada. Caso também da interpretação da atriz que faz a promotora. Nas curtas três vezes em que aparece, ela faz rir com sua cara fechada e postura de “encarnação do malâ€, resultado de uma atuação caricatural.
A participação de Priscila Fantin é inverossÃmil e não convence. ImpossÃvel acreditar que ela é (1) uma adolescente (2) nordestina (3) da Orquestra dos Meninos - ainda mais com o sotaque nordestino tÃpico dos globais que, quando não é uma caricatura forçada, é esquecido e trocado pelos “sh†cariocas. A atriz se safa do carioquês, mas não da herança novelesca. Numa cena em que o foco está na cantora do coral, ao centro, é impossÃvel não olhar para Priscila, ao fundo, mesmo com a cara de paisagem.
Murilo Rosa é a surpresa do filme. ImpossÃvel não desconfiar no começo, mas o ator faz uma atuação boa, sem “novelismosâ€. Está longe de ser um Selton Mello (ou mesmo um Wagner Moura e um Lázaro Ramos). Mas, frente à mediocridade do resto, ganhou um pouco de moral.
E, para não dizerem que não falei de flores, quem merece palmas é o figurino realista, sem incoerências, exageros ou regionalismos. É, na verdade, a melhor coisa para se observar no filme.
Mais pÃlulas:
- Meteoro
- O homem que desafiou o diabo
- ou Navegue por todas as crÃticas do PÃlula
Essa vai pra capa do CD da próxima dupla hit-sertaneja, Priscila & Murilo.
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