A casa dosch clichêsch globaisch
18.09.08
por Cedê Silva
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Casa da mãe Joana
(Brasil, 2008)
Dir.: Hugo Carvana
Elenco: José Wilker, Paulo Betti, Antônio Pedro Borges, Pedro Cardoso, Juliana Paes, Fernanda de Freitas, Laura Cardoso, Malu Mader
Princípio Ativo: Anacronismo
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Três malandros de Copacabana são enganados pelo quarto membro do grupo, que arma um golpe dentro do golpe. Querendo tirar onda, o maluco deixa para os ex-amigos um vÃdeo explicando tudo... em VHS.
Em VHS, sr. Carvana? Em pleno 2008?
Esta cena de “Casa da Mãe Joana†resume o espÃrito do filme: uma série de piadas anacrônicas (para os pessimistas), ou timeless (para os otimistas), no melhor estilo Zorra Total e A Praça é Nossa. A animação dos créditos de abertura é até criativa e a primeira frase do filme, “acho que vai dar cagadaâ€, chama a atenção, atrai... mas ao final da experiência, restarão poucas lembranças.
Os ocupantes da casa (apartamento) em questão recebem uma ordem de despejo, caso não paguem suas dÃvidas em até trinta dias. Evidentemente, nenhum dos três malandros tem a genial e inconcebÃvel idéia de arrumar emprego decente. Um (Paulo Betti) se prostitui - para mulheres, bem entendido; outro (José Wilker) vai cuidar de um idoso cadeirante homossexual nada enrustido; e o terceiro (Antônio Pedro Borges) tenta voltar à carreira de colunista sentimental.
As cenas iniciais dão gosto de ver e prometem um bom filme sobre criminosos – nada perto de um Tarantino, mas pelo menos um “Caixa Doisâ€. Logo, contudo, somos apresentados aos clichês globais: a festa em que toca funk; Chico Buarque; a empregada de gente rica que fala aquele português artificialmente correto (com os erres nos finais das sÃlabas); uma bicha velha escandalosa.
Como cinema não é TV (não que a Globo Filmes acredite muito nisso), algumas ousadias são permitidas. Tem José Wilker cozinhando só de avental, o traseiro de fora. E outras cenas de causar vergonha alheia, incluindo todas as protagonizadas pelo prostituto Paulo Betti e suas clientes – uma delas, um verdadeiro Severus Snape fêmea sadomasô (!). E há uma cena com Wilker e Laura Cardoso curtindo um beque – impossÃvel não pensar que foi retirada de “Todo Mundo em Pânicoâ€.
Apesar dos clichês e idéias batidas (há cartazes de Che e Bob Marley pelo apartamento), “Casa da Mãe Joana†faz rir algumas vezes - e traz Fernanda de Freitas como ninfeta-gostosa-revelação. O elenco atua com energia e o resultado até vale meia-entrada. Só não se trata, definitivamente, de um filme.
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É, Paulo Betti, cada um se prostitui como pode, como quer...
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