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Contrato de prestação de serviços

26.07.08

por Daniel Oliveira

Arquivo X: Eu quero acreditar

(The X-Files: I want to believe. EUA/Canadá, 2008)

Dir: Chris Carter
Elenco: David Duchovny, Gillian Anderson, Amanda Peet, Billy Connolly, Xzibit, Callum Keith Rennie

Princípio Ativo:
o formato do fenômeno

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Art. 1 – Do contratante: A 20th Century Fox, detentora dos direitos de um dos maiores fenômenos pop da década de 90, contrata por meio deste os realizadores de tal fenômeno, com base no princípio hollywoodiano milenar “capitalizar: por que não?â€.

Art 2. – Dos contratados: O criador e diretor Chris Carter e os atores David Duchovny e Gillian Anderson aceitam ressuscitar a mágica que os levou do pó à poeira estelar, com base no inocente princípio “fazendo bem, que mal tem?â€.

Das obrigações contratuais

Art. 3 – Os contratados se comprometem a produzir um longa-metragem, técnica e artisticamente decente, que faça jus ao formato ‘monstro da semana’ da série “Arquivo Xâ€, usando o recurso consagrado no programa de mesclar paranormalidade e ficção científica com polêmicas reais, contemporâneas à produção.

§ único - No caso específico, o produto aqui resultante será chamado “Eu quero acreditar†e ficção científica se entenderá por um médium (Connolly) ajudando na investigação do sumiço de uma agente do FBI; e polêmicas reais, pelo fato desse médium ser um padre pedófilo norte-americano.

Art. 4 – O contratante, por sua vez, compromete-se a empregar uma dupla de atores que realize as cenas e falas ruins, além do ‘cop talk’ do roteiro, de modo a liberar a dupla de protagonistas para seqüências de desenvolvimento de seus personagens.

§ único - Fica estabelecido que essa dupla não precisa ser de atores consagrados. Uma eterna quase estrela (Peet) e um rapper (Xzibit) bastam para esses personagens, sem nenhuma profundidade.

Do interesse público

Art. 5 – Ambas as partes concordam em não se aprofundar na mitologia de abduções extraterrestres que permeou grande parte da série, a fim de não restringir o público (pagante).

Art. 6 – Os contratados, porém, comprometem-se a inserir em “Eu quero acreditar†várias referências - atores do seriado em novos papéis, resgate da história pessoal dos protagonistas, incluindo o tradicional embate Fé X Ciência entre Mulder e Scully (com um pouco de emoção para tentar tirar o cheiro de naftalina) etc. - de forma a presentear o enorme séquito de fãs que lotará os cinemas na estréia.

Art. final – Esclarece-se, desde já, que esse é apenas um caça-níquel de luxo, tratando-se tão somente de mais um episódio da (finada) série (e não uma temporada inteira, ou novos desdobramentos na história de seus protagonistas) que será exibido nos cinemas porque o lucro é maior neste formato. Contratado e contratante se eximem de qualquer responsabilidade sobre a indignação daqueles que, ao saírem da sessão, perceberem que pagaram um ingresso de cinema para ver um episódio televisivo.

Mais pílulas:
- Eu sou idiota, eu assistia a Arquivo X
- O homem de Lost
- O exorcismo de Emily Rose
- ou Navegue por todas as críticas do Pílula

Mulder & Scully seal the deal.

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