Psicopata(s) americano(s)
18.07.08
por Rodrigo Campanella
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Batman – O Cavaleiro das Trevas
(The Dark Knight, Estados Unidos, 2008)
Dir.: Christopher Nolan
Elenco: Heath Ledger, Christian Bale, Michael Caine, Aaron Eckhart, Gary Oldman, Morgan Freeman
Princípio Ativo: a carta do jogo
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O modo carinhoso de Gotham, a Chicago dos quadrinhos, aceitar um homem fantasiado justiçando suas ruas é singelo: ela o renega. Prato quente para a psicanálise, e boa razão para começar com negativas:
-1)“Cavaleiro das Trevas†não é um upgrade na aventura de “Batman Beginsâ€;
-2)“CdT†não é o bólido de design e velocidade que era “Homem de Ferroâ€;
-3)“CdT†igualmente não volta ao belo cartoon que era o Batman anos 90.
Christopher Nolan, diretor, e querendo fazer realismo em sua franquia DC, entendeu já no segundo filme que a graça de Batman é ele não ser um super-herói.
O fato do homem-morcego ser vendido ao lado do homem-de-aço em bancas de revista é uma prova de que as pessoas não percebem o contrabando. “Batmanâ€, aspas incluÃdas, é uma grife simbólica - onde o Coringa sempre será o modelo principal.
Dessa compreensão Nolan zarpa para erguer seu arrasa-quarteirão.
Está lá a exigência contratual de 20% de pura ação (boa, razoável) em que Batman e Coringa se caçam para medir quem tem o brinquedo mais certeiro. Também comparece a aparecida trilha sonora de ‘tensão’, que me obrigaria a trucar sobre qualquer um que afirmasse que o diretor do filme também controlou a edição musical. Seria Nolan incapaz de acreditar na própria competência?
Provavelmente não, ou ele não escolheria um caminho arriscado para seu Batman 2.
“Cavaleiro das Trevas†enche a cara em um dos grandes afluentes do cinema americano – o filme de tira, onde moralismo, traição, honra e selvageria estão sempre prestes a explodir um botijão. O estupendo inÃcio (um assalto) aponta esse sentido.
Nessa escolha, “CdT†já não pode contar de modo fácil com hormônios adolescentes confusos que se identifiquem com as bat-crises de consciência, e nem pode enfiar olho abaixo vinte cenas de ação amarradas juntas .
Resta usar o adjetivo “enorme†dos blockbusters a seu modo.
O roteiro fermenta a história numa proporção inesperada para um filme que é, oras, “divertimentoâ€. E, como fogos de artifÃcio não garantem filmes, a confiança está nos atores. Tire o Batman encapuzado (que continua com algo ridÃculo), e as atuações são granito em termos de seriedade e credibilidade.
Claro que nada do que foi dito até aqui resume a atuação de Heath Ledger, e os caracteres desse texto são poucos para equacionar o tamanho de sua atuação e a estupidez da morte a seguir. Então, apenas isso: Ledger redefine a imagem do Coringa. O provável mais complexo vilão de todas as HQs, cai a nÃveis inéditos de loucura e vazio. A assinatura final de Ledger fica como esse possante imã, de um filme que impressiona.
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Mas a risada é a melhor (?) parte.
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