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Pela volta da ditadura

13.07.08

por Braulio Lorentz

Weezer - Weezer

(Universal, 2008)

Top 3: "Troublemaker", "The greatest man that ever lived", "Pork and beans".

Princípio Ativo:
democracia

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Ver atentamente a contra-capa do segundo disco do Weezer (Pinkerton, de 1996) e notar a figura de uma gueixa mostrava que a banda era atenta aos pequenos detalhes. Aquela imagem de olhos puxados resumia muito bem as letras malucas do vocalista Rivers Cuomo, guitarrista-vocalista-formado em Harvard, que transformou o fascínio por orientais em realidade ao se casar com a namorada Kyoko Ito, em 2006.

As garotas nipônicas já não estão mais do outro lado do oceano e o período de celibato ficou na primeira metade dos anos 90. O suéter, o cabelo tigela, os óculos de aro preto daqueles tempos se foram, mas a ironia continua como comprovam versos do primeiro single, "Pork and beans": "Timbaland sabe o jeito de chegar ao topo das paradas / Talvez se trabalhar com ele possa chegar à perfeição".

Agora Rivers está (muito) mais social e amigável. Coninua excêntrico, colocando em si mesmo o apelido de “Rivaldinhoâ€, em homenagem futebolística, e ostentando bigode e chápeu de cowboy enquanto compõe música com a ajuda de fãs via YouTube. A meditação budista pode ter feito bem para a vida dele, mas estorvou a parte musical da coisa. É uma pena: o novo trabalho tinha tudo para ser um discaço.

A seqüência "Troublemaker", "The greatest man that ever lived", "Pork and beans" e "Heart songs" é a melhor da banda na década. "The greatest..." tem mais músicas acima da média do que todo o disco e "Heart songs" repete o clima "memórias musicais" de "In the garage", do debute. Há citações ao Iron Maiden, Judas Priest e outras bandas das quais o metaleiro Cuomo é fã.

O início é arrasador, mas o sexto trabalho do quarteto californiano não decola. Quando posaram na frente de um fundo azul (Blue album, de 94) ou de um verde (Green album, de 2001) o dono da banda era Cuomo, que assinava todas as composições e gravava as vozes. Mais democrático, no novo CD o microfone sai de seus domínios, pela primeira vez, e cai nas mãos do guitarrista Brian Bell (na adulta e melosa "Thought I knew"); do baixista Scott Shriner (na constrangedora "Cold dark world"); e do baixista Pat Wilson (na melhorzinha, mas mal cantada "Automatic").

Regimes ditatoriais às vezes são bem-vindos. Juntar as primeiras quatro músicas com as seis seguintes que compõem o disco é como almoçar filé mignon e ter jiló com doce de leite na sobremesa (leve em conta que não sou muito fã de doce de leite).

Meio apagadinhos até na foto

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