Histórias quase minimas
11.07.08
por Daniel Oliveira
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Pequenas histórias
(Brasil, 2008)
Dir.: Helvécio Ratton
Elenco: Marieta Severo, Paulo José, Gero Camilo, PatrÃcia Pillar, MaurÃcio Tizumba
Princípio Ativo: mineirice bucólica e nostalgia de vó
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As frações
“Pequenas histórias†repete o que parece ser uma tendência no cinema mineiro (?) atual: o de que vários curtas podem ser extraordinários juntos, ao invés de ordinários separados (como diria minha amiga Meredith Grey). Só que aqui o conceito coletivo não se estende à direção, que ficou toda por conta de Helvécio Ratton, resgatando seus dias de “Menino maluquinhoâ€.
Na coletânea do cineasta das alterosas, quatro histórias misturando folclore e Contos da Vovó (não a Gansa) são narradas pela sempre competente Marieta Severo. Na primeira, PatrÃcia Pillar é a Iara e seduz um pescador vivido pelo músico mineiro MaurÃcio Tizumba. Em seguida, um coroinha é assombrado pelos aspectos macabros do catolicismo. Já na cidade grande, Paulo José e um Papai Noel de loja, que rouba um micro system e faz um menino de rua feliz. E, por fim, Gero Camilo é Zé Burraldo, um genérico de Mazzaroppi que tem sua inocência explorada.
são pequenas
Oscilando entre a fábula moral (a história da Iara) e a mera seqüência de gags (a do Zé Burraldo), “Pequenas histórias†é claramente voltado para crianças. E, mais especificamente, para aquelas crianças que ainda deitam no colo da vó para escutar algo que não o plim-plim do MSN.
A direção de Ratton se adequa bem melhor à leveza dessas pequenas histórias que ao amargo de “Batismo de sangueâ€. E ele ainda usa o máximo que pode das locações bucólicas mineiras para dar o tom de suas histórias. O (nada pequeno) porém que sempre paira, quando uma produção dessas aporta aos cinemas, é se alguém ainda leva crianças para ver filmes nacionais, que não Xuxa e Didi.
mas não são mÃnimas
Mas por mais que o bucólico desperte simpatia, e que Marieta Severo esteja melhor que todo o resto em suas aparições, as falhas são difÃceis de ignorar. A primeira e mais reiterada delas continua sendo a edição: Ratton ignora o princÃpio cinematográfico básico de entrar numa cena depois de ela já ter começado e sair antes que ela acabe. Isso dá um caráter artificial aos movimentos de câmera e mesmo à atuação do elenco.
A diferença de qualidade entre os contos também não ajuda. O último deles, de Zé Burraldo, não se salva nem com o carisma de Gero Camilo: parece um esquete dos finados Trapalhões, com suas armações limitadas, piadas vergonhosas e um ensaio de vaudeville que não se realiza totalmente. Sobram boas intenções e aquele charmezim do interior mineiro, mas falta magia cinematográfica. Ratton conta suas histórias, deixando que elas se tornem pequenas por sua falta de ousadia – e não mÃnimas nos detalhes e emoções que desperta.
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