Dance music difÃcil de engolir
25.06.08
por Pablo Moreno
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Flavors of entanglement
(Warner, 2008)
Top 3: Citizen of the planet, Torch, Incomplete
Princípio Ativo: pé na bunda eletrônico
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Ela foi responsável por Jagged Little Pill, grande êxito dos anos 90...
- Que canseira, lá vem o papo de que Alanis nunca vai fazer um álbum como o primeiro?
O problema é que a afirmativa ganha força. O mundo espera que Alanis Morissette consiga fazer um CD tão inspirado e enérgico como Jagged... mas dessa vez perdi as esperanças.
“Citizen of the planetâ€, a primeira faixa deste Flavors of entanglement, poderia estar em “Supposed Former infatuation junkieâ€, álbum de 98, e sinaliza para a possibilidade de algo bom à frente. Aà vem o primeiro single, “Underneathâ€, e a pasmaceira é anunciada. A música arrastadinha serve para trilha internacional de novela das oito e, talvez por isso, cole nas FMs baranguetes. A canção ganhou um vÃdeo com fotografia azulada na piscina; e outro com fotografia vermelha no coração.
A terceira, “Straitjacketâ€, inicia com Alanis cantando à capela e de repente (tchan tchan tchan...) batidinnhas eletrônicas invadem o som. Sim, Flavors of Entanglement é o primeiro de inéditas da canadense depois de uma coletânea e o relançamento acústico (!) do disco de 95 (prefiro suprimir a versão constrangedora de “My Humps†do Black Eyed Peas). E desta vez, Alanis tenta dar um upgrade em sua sonoridade, com o produtor Guy Sigsworth (Björk e Madonna) e suas influências eletrônicas.
Resultado: efeitos de distorção vocal usados por cantoras de pouca voz tomam conta. Pulo para a faixa quatro e... será o Evanescence? Não. É “Versions of Violenceâ€: vocais graves e um riff de guitarra dão a deixa para a bateria marcada e a interpretação de uma Amy “sem falsetes†Lee. Não é bom. Alanis tem capacidade vocal impressionante, mas insiste em se mostrar comum na maior parte do tempo.
Quando penso que as coisas não podiam piorar, chega “Moratoriumâ€. Sigsworth entrega algo que Fernanda Porto fazia em 1999 (e que já era ultrapassado naquela época). A letra desperta reflexões: Alanis diz que não vai mais falar sobre relacionamentos. Embora ainda faltem quatro faixas para o fim.
Aliás, as letras continuam sobre frustrações amorosas. O motor de Flavors... é o rompimento com Ryan Reynolds (que a trocou por Scarlett Johanson, bom negócio), o que reforça a tônica “estou abandonada, sozinha e a vida não tem sentidoâ€. A desvantagem é a ausência do vigor daquela mocinha de 21 anos que berrava desaforos aos ex-namorados.
Há bons momentos, como a chorosa “Torch†e “Incompleteâ€. Só que eles poderiam ser mais vibrantes se a cantora soltasse mais suas emoções, deixando o lado zen em casa e assumindo a dor de cotovelo, sem tentar fazer dance music com ela.
Licença para a objetividade de Perez Hilton: “Alanis does the vadgeâ€.
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