True color ?
09.05.08
por Rodrigo Campanella
|
Speed Racer
(Estados Unidos, 2008)
Dir.: Andy Wachowski e Larry Wachowski
Elenco: Emile Hirsch, John Goodman, Susan Sarandon, Christina Ricci, Matthew Fox
Princípio Ativo: pisca-pisca giratório
|
|
receite essa matéria para um amigo
“Speed Racer†carrega no DNA a certeza de que o LSD existe. É uma viagem visual calibrada em 16 milhões de cores que faz perguntar: pra que colocar esses filminhos chatos com história entre uma corrida e outra no autorama do Andy Warhol? Muito provavelmente, para 1) evitar convulsões ou 2) dar uma sinopse para os jornais colocarem na página de programação. Exemplo:
Speed será o maior corredor do mundo. Antes, precisa vencer uma corporação gananciosa, o trauma pela morte do irmão e pilotos assassinos de terceiro grau.
Se o filme é bom?
Melhor mudar a pergunta: é um filme?
Pode ser. Mas ter duas horas e ser exibido num cinema não é garantia. Fato: enquanto não está se divertindo numa empolgada versão “metal & motores†do coliseu romano, “SR†coloca uma porção de bons atores para fazerem dobraduras com personagens de duas dimensões.
E os atores, incluindo o protagonista, são bons de sobra para transformar em algo divertido o rascunho que foi usado no lugar do roteiro. Porém, a maior ousadia de “SR†mora no plano de vendas e na contaminação visual.
Imaginando um gráfico em que cada público dos oito aos quarenta anos é representado por uma cor, “Speed Racer†pretende que sua coleção de cenas agrade todo esse arco-Ãris à oitava potência.Ainda que, para cada ano acima de vinte no espectador, essa é uma estratégia que só perde eficácia. Dá para ficar 360 graus desatento durante todas as cenas dramáticas (?), pois a maior parte dos diálogos não rima bá com pá.
Momentos-famÃlia são filmados com a empolgação de quem cumpre cláusulas contratuais, mesmo que lá pelo meio exista uma ótima sacada sobre a engrenagem do sistema financeiro: fusões, ações na bolsa, assassinatos de reputação na imprensa e processos maliciosos na justiça. Por alguns segundos, você se sente no Brasil.
Já sobre contaminação visual, é sabido que os videogames comeram cinema para avançar, e o cinema comeu literatura. Na outra direção, livros paparam andamento de filmes e o cinema exibe seu lado videogame. DaÃ, nada a estranhar quando os irmãos Wachowski querem fazer anime em live action, desenho japonês com atores reais e pinta de PS3. O problema é que o anime não vira cinema, é simplesmente transposto para a tela. Surgem boas traquinagens na montagem e existe algo novo nesse globo de luz bem-feito, mas só impressiona quem foi para ser impressionado.
Então, é um filme? Infantil, provavelmente, e Bem divertido da primeira vez . Com grandes chances de falhar no repeteco, se você não ama carros, corridas, filmes da moda, ou se não é uma criança de oito anos.
Mais pÃlulas:
- Homem de ferro
- Madagascar
- Menores desacompanhados
- Transformers
- ou Navegue por todas as crÃticas do PÃlula
20.000 horas para tratar as imagens. 20 minutos para rabiscar o roteiro
» leia/escreva comentários (5)
|