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As doses certas para matar a fome

25.12.07

por Lucas Galvão

Nação Zumbi – Fome de Tudo

(Deckdisc, 2007)

Top 3: “Bossa Nostraâ€, “Carnaval†e “No Olimpoâ€.

Princípio Ativo:
Equilíbrio

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Depois de inovar com o uso de efeitos e tecnologias em seu disco anterior, Futura (2005), a Nação Zumbi volta com Fome de Tudo e com a dúvida sobre qual seria a dose de sons da vez. A resposta vem com equilíbrio na dosagem de peso, eletrônica e regionalismo. Em seu novo trabalho, a Nação desacelera no futurismo exacerbado, tão criticado pelos fãs mais tradicionalistas, e mira em uma musicalidade em que esses três elementos se encontram de forma harmoniosa e sem sobressaltos.

Isso não significa, contudo, que a banda queira fazer as pazes com os mais puristas. A personalidade e a inovação, que sempre foram os maiores alvos da fome dos músicos, se fazem presentes nos detalhes e nuances das saborosas misturas do CD.

Ainda que a expressividade dos vocais de Jorge Du Peixe continue devendo, as guitarras de Lúcio Maia se encaixam com maestria e colorem o disco mesmo nos fraseados mais discretos, em harmonia com o baixo de Dengue. A trupe pernambucana evolui como banda em seu entrosamento. A versatilidade corre de um lado pro outro do campo no jogo entre os tambores e a bateria.

Logo de cara, “Bossa Nostra†abre o apetite com um riff cativante que ganha peso após o refrão e afasta a música de qualquer bossa nova. “Carnavalâ€, uma das melhores do álbum, mistura guitarra suingada com ritmo quebrado e jazzístico. Em “Infernoâ€, o andamento lento ajuda a compor a sombria aclimatação. A faixa, porém, apresenta uma aguada e decepcionante participação de Céu, que mal se faz notar. “Nascedouro†se debruça entre o que seria uma gafieira e um jazz. Os metais da canção parecem livres para improvisar sobre o cavaquinho da base.

O disco flui entre músicas lentas e petardos, e, ao fim, após a bela e diferente “No Olimpoâ€, Fome de Tudo reforça a sensação de que estamos diante de uma das melhores bandas brasileiras de nossos tempos. E só se pode esperar que, por causa de discos como esse, a Nação Zumbi nos presenteie com mais boas canções. E que eles, ao mesmo tempo que alimentem o caldeirão da música brasileira, nos deixem mais famintos por pratos que sempre levam psicodelia em suas receitas.

O baixista Dengue (com roupa de mestre cuca) faz parte da cozinha da banda

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