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Juventude com algumas rugas

24.12.07

por Cedê Silva

Bruce Springsteen – Magic

(SonyBMG, 2007)

Top 3: “Radio Nowhereâ€, “Livin’ in the Futureâ€, “Terry’s Songâ€.

Princípio Ativo:
Fantasia

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A voz de Bruce Springsteen é familiar o suficiente ao ouvinte médio para que qualquer coisa que ele cante soe instantaneamente como música velha. Não importa que Magic traga praticamente só músicas novas; é impossível ouvir Springsteen sem pensar que escorregando um pouquinho tudo vira uma versão recauchutada de Dire Straits.

Isso não é ruim. Embora Jon Landau, agente do cantor, tenha dito que o álbum é “high energy rockâ€, eu colocaria na prateleira de “para se ouvir na estradaâ€, apesar de certas músicas funcionarem em bailes de formatura também (algumas são bem dançantes), ou para ouvir em casa.

Os temas das canções são irresistíveis: uma visão de um futuro beligerante e sombrio na qual o cantor se despede de sua garota à la Natasha (“Livin’ in the Futureâ€), uma canção escapista sobre um motoqueiro cigano (“Gypsy Bikerâ€), o cotidiano de um verão solítário (“Girls in their Summer Clothesâ€), um ilusionista cool e violento como Tarantino (a faixa-título), e uma canção anti-guerra repleta de apelos juvenis e cantada na primeira pessoa do plural como “Forever Young†(“Last to Dieâ€), dentre outras.

A abordagem reflexiva e semi-melancólica de um eu-lírico sobre sua relação trágica com uma garota – por amor platônico, por precisar ir pra guerra, ou porque o próximo trem só sai amanhã de manhã – é sempre garantia de sucesso, especialmente se bem executada, com letras inspiradas, e interrompida por solos da E Street Band: guitarra, gaita, saxofone, ou coisa que o valha. Recusar ou interromper uma paixão por algum motivo altruísta ou por dever é uma fantasia poderosa na mente masculina, especialmente se existe uma linda garota para alimentá-la; e quem não for seduzido pelas letras que preste atenção no resto todo.

Há politicagem nas letras – “The speculators made their money on the blood you shedâ€, está no começo de “Gypsy Bikerâ€, e “Your Own Worst Enemy†parece uma alfinetada pra lá de discreta ao Patriot Act . Mas felizmente Springsteen não é tão ambicioso, nem tão estúpido em suas críticas quanto os garotos do Linkin Park; e Livin’ in the Future é antes uma feel good song do que um poema contra guerras no Oriente Médio.

Como se não bastasse, a faixa-bônus, “Terry’s Songâ€, é uma das melhores canções de despedida já feitas, e a melhor variação em cima do tema “quando te fizeram, quebraram o molde†desde Robbie Williams (com “A Man for All Seasonsâ€). Altamente recomendado ao caubói dentro de cada um.

Se as músicas tivessem cores elas também seriam p&b

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