Mais hippie do que hype
11.12.07
por Alfredo Brant
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Devendra Banhart - Smokey Rolls Down Thunder Canyon
(XL Recordings - Importado, 2007)
Top 3: “Sea Horseâ€, “Rosa†e “Carmensitaâ€.
Princípio Ativo: Espontaneidade
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Devendra Banhart, figura chave do chamado neo-folk, pode causar uma rejeição espontânea naqueles que são avessos ao seu hippismo assumido. Colabora para isso sua imagem andrógina, figurino de roupas coloridas, anéis, brincos e uma enorme barba. E se vamos mais longe e escutamos seus discos tudo isso tem grandes chances de se confirmar.
Mas sejamos justos e sinceros: poucos como ele têm habilidade de passar por estilos tão diversos, misturar tudo e ainda soar original. O último a surgir e a fazê-lo com tanta propriedade foi o conterrâneo Beck.
Dito tudo isso, seu novo disco faz todo o sentido. Smokey Rolls Down Thunder Canyon, já enigmático no tÃtulo e na arte da capa, foi feito quase artesanalmente em um estúdio localizado em montanhas ao norte de Los Angeles. O disco transpira misticismo, tropicalismo e world music, mas sem soar exótico ou alegórico. Um total de 16 canções que parecem feitas de maneira intuitiva.
“Sea Horse†é um épico ensolarado de oito minutos que começa folk, para cair na psicodelia leve e explodir numa simplicidade roqueira à Neil Young cantanda por um Jim Morrison. Uma longa viagem que nos transporta por diferentes paisagens musicais.
“Rosa†merece um paragrafo à parte. A faixa que tem a participação de Rodrigo Amarante é uma bela e melancólica balada cantada em português. Os versos têm muito de Los Hermanos, de uma certa poesia sobre o cotidiano, sobre o banal. Começa com um piano que carrega toda a melodia e termina com uma levada sambÃstica-psicodélica.
Um outro destaque é “Carmensitaâ€. Cantada em espanhol, com versos à la Carlos Castañeda, a cançao é musicalmente simples mas de uma vitalidade impressionante. Devendra canta sem pudor de cometer excessos ou de errar o tom. Mais do que um cantor, ele é um artista que precisa ir além do simples fato de gravar discos para se expressar.
Essa postura na concepção de seus álbuns está nas suas parcerias musicais, passando pelos músicos de sua banda até seus amigos, como o ator Gael Garcia Bernal. É aà também que estão suas ligações com o Brasil, como sua devoção à Caetano Veloso ou a participação no CD da cantora Cibelle.
“Smokey Rolls Down Thunder Canyon†é um disco farto, que não se esgota facilmente. No seu coquetel de influências, cada canção fala por si. Reggae, musica tradicional, baladas, r&b, indie, glam... Nada parace difÃcil para Devendra, que faz música de uma maneira natural, como uma extensão de sua personalidade complexa e misteriosa.
É homa!
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