Sem sangue, nem suor, nem lágrimas.
29.11.07
por Daniel Oliveira
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A lenda de Beowulf
(Beowulf, EUA, 2007)
Dir.: Robert Zemeckis
Elenco: Ray Winstone, Angelina Jolie, Robin Wright Penn, Brendan Gleeson, John Malkovich, Crispin Glover, Alison Lohman
Princípio Ativo: bytes
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A próxima onda de Hollywood é esta: épicos de ação/aventura, com um latente apelo erótico, grandes cenários e batalhas feitos quase 100% digitalmente para baratear a produção e aumentar os lucros. E é isso mesmo: apelo erótico. Apesar de ser uma animação, “A lenda de Beowulf†não é infantil: está cheio de corpos à mostra, rapazes em ponto de bala, moças fogosas e conotações sexuais nada sutis. Se você não quer que seu pimpolho veja os corpos praticamente nus de Ray Winstone e Angelina Jolie, devidamente retocados pela captura de performance no melhor estilo tanquinho “300â€, durante uma ‘luta’, é melhor levá-lo à sessão ao lado.
Winstone é o Beowulf do tÃtulo, um guerreiro do século V que vai a um reino da Dinamarca enfrentar o demônio Grendel. Após derrotá-lo, ele acaba se tornando o novo rei do lugar, mas não sem antes fazer um pacto obscuro com a mãe do bichano (Jolie): em troca de proteção e reinado eterno, a bruxa de certa forma rouba a juventude (e a alma) de Beowulf ao ter um filho com ele, condenando-o a uma vida de mentira para com seu povo e de infelicidade no casamento.
A proposta do diretor Robert Zemeckis é atualizar um clássico da literatura (Beowulf é um poema épico inglês de autor anônimo) com hormônios e sangue para o público adolescente. O resultado é ligeiramente melhor que o similar “300â€. A emoção (pero no mucha) transcorre melhor através dos bytes de Zemeckis do que de Zack Snyder, principalmente na empolgante batalha final – superando a constrangedora macho-gritaria auto-afirmativa, que ainda está ali, mas (bem) pouco amaciada pelo humor que Neil Gaiman tentou imprimir ao roteiro.
Isso é devido também à boa escolha do elenco e ‘atuações’, na maior parte do tempo, decentes. A captura de performance, apesar de tornar mais natural a interação entre personagens e cenário (problema gritante de “300â€), ainda tem que ser aprimorada. Ela funciona nos closes dos atores, praticamente reais, mas as atrizes, especialmente Jolie, parecem vÃtimas de um botox infeliz. E os enquadramentos abertos, em certos momentos, ainda passam a impressão de um grande jogo de playstation. O parâmetro ainda é Gollum e a cena com Grendel e sua mãe, que tenta emular o Prrecious, não deixa de ser um tanto vergonhosa.
Apesar das batalhas e lutas bem feitas, com a câmera realisticamente passeando pelas cenas, “Beowulf†ainda é um filme sem personalidade. Zemeckis só dá as caras mesmo nos ataques de Grendel, em que ele lembra seus dias de “Contos da Criptaâ€, com uma fotografia de filme de terror. Mas ainda teremos que esperar pelo verdadeiro ‘clássico’ do gênero.
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