A última noite de um mágico
20.11.07
por Daniel Oliveira
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A loja mágica de brinquedos
(Mr. Magorium’s wonder emporium, EUA, 2007)
Dir.: Zach Helm
Elenco: Dustin Hoffman, Natalie Portman, Zach Mills, Jason Bateman
Princípio Ativo: fofura
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Fofura é como estilo: ou você tem, ou não tem. Natalie Portman com sorrisos marotos e roupas charmosas e coloridas é fofa. Um garoto solitário, prodigioso e que coleciona chapéus é muito fofo. Dustin Hoffman como um vovozinho mágico e excêntrico em roupas hilárias é fofo também.
São esses pequenos grandes acertos que fazem de “A loja mágica de brinquedos†algo simples assim: fofo. É um longa agradável de assistir, mesmo que o produto entregue pelo diretor e escritor Zach Helm não seja tão excepcional quanto seu roteiro anterior, de “Mais estranho que a ficçãoâ€. Nele, Mahoney (Portman) é gerente da tal loja mágica do Sr. Magorium (Hoffman). Só que, tendo vivido bem seus 243 anos, ele resolve ‘partir’ para um descanso eterno bem merecido, deixando o empório sob os cuidados da mocinha – decisão com a qual nenhuma das duas, nem a loja, nem Mahoney, lida muito bem.
Helm e sua equipe não atingem a exuberância visual de um Tim Burton ou as peripécias narrativas dos filmes da Pixar. E nas vezes que tenta chegar próximo delas - como na cena da ‘sala de bolas’ – o filme parece forçar a barra. Porque ele não precisa disso. A utilização das cores pelo design de produção é discreta, mas funciona – como o inesperado amarelo em um hospital, denotando a tranqüilidade com que o Sr. Magorium enxerga sua ‘partida’. E a reincidência da busca de um propósito bom na morte, tema que Helm já havia trabalhado em “Mais estranhoâ€, mostra que, em sua simplicidade, “A loja†sabe bem onde quer chegar.
Ao contrário de Burton e Pixar, este é um filme para crianças, sem ser bobo nem desleixado – voltado primordialmente para elas, e não para o adulto que a acompanha à sessão. Não que esse último não vá se divertir. Se ele deixar lá fora o cinismo que a idade acumula junto com a artrite e a osteoporose, vai encontrar um longa que pode levar às lágrimas com sua sinceridade.
Helm não tem pudor em abusar dos closes das belas expressões de Portman, das caras esquisitas de Hoffman e dos olhares de cão sem dono de Zach Mills, o garoto dos chapéus. E é com eles, em personagens tridimensionais e bem construÃdos – até o Mutante (Bateman), contador que Magorium contrata para ajudar Mahoney - que “A loja†convence e emociona, e não na tentativa de um espetáculo visual.
“A loja†é um filme que convida a acreditar. Não em cenários magnÃficos ou efeitos mirabolantes. Mas na magia de uma história simples, e na inocência de seus personagens. De certa forma, na possibilidade de um cinema infantil inteligente. Cabe ao espectador se deixar conquistar ou não por Hoffman, Portman & cia.
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