Potência não é nada
06.11.07
por Igor Costoli
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Sem controle
(Brasil, 2007)
Dir.: Cris D’Amato
Elenco: Eduardo Moscovis, Milena Toscano, Vanessa Gerbelli, Marcelo Valle, Mariana Bassoul, Charles Fricks, Edmilson Barros, Pablo Sanábio
Princípio Ativo: Ausência do ‘tarja preta’
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Apesar de estrear na direção, Cris D’Amato é alguém já bem rodada cinematograficamente falando. São tantos os trabalhos como assistente de direção, que a moça se permitiu ousar bastante na hora de levar ao cinema a história de Manoel da Motta Coqueiro.
Coqueiro foi condenado injustamente à morte, há cerca de 150 anos, e seu caso serviu para a extinção da pena capital no Brasil. Em vez de ter sua história contada biograficamente, o caso foi aproveitado como mote para outra história, a do diretor de teatro Danilo Porto, determinado a encenar a peça. Para o papel, um Eduardo Moscovis dedicado, alternando boa atuação com momentos pouco convincentes.
O fracasso absoluto de crÃtica e público leva Danilo à degradação e a uma clÃnica de tratamento mental. Internado, ele conhece Aline (Milena Toscano), peça fundamental para atrapalhar sua recuperação e seu bom senso. Ele se oferece para ministrar oficinas de teatro aos internos da clÃnica e opta por dirigi-los na adaptação da história que o levou até lá.
Foram realizados workshops com internos em clÃnicas de tratamento, o que foi bom para os atores. Entretanto, os roteiristas deveriam tê-los freqüentado também, ou se esforçado mais, já que a maioria das personagens se enquadra em clichês vergonhosos de doentes mentais. Além disso, EdmÃlson (EdmÃlson Barros) foi claramente surrupiado do Ceará, papel de Gero Camilo em “Bicho de Sete Cabeçasâ€.
Entre as atuações, a melhor vai passando quase despercebida até começar a roubar a cena. O interno Felipe (Pablo Sanábio) é o termômetro da história, e ganha mais espaço à medida que as coisas vão saindo do controle, ao mesmo tempo em que transmite a sensação de que a história não terminará bem.
Transportar o caso de Coqueiro para os dias de hoje não serviu apenas para baratear custos de produção, permitiu também que outros elementos fossem incorporados à trama. Colocar internos com distúrbios psicológicos para encenar uma peça complexa fez com que a confusão mental fizesse parte do roteiro. Boa idéia, nem sempre bem executada.
A edição e a fotografia que abrem o filme tentam causar um desconforto no espectador, simulando a confusão do protagonista. É um recurso que, apesar de lembrar um pouco “Jogos Mortaisâ€, poderia ter sido mais explorado durante o longa. Principalmente em momentos em que a dúvida se fazia importante, como no final. É a hora em que Cris mais escorrega, deixando como única dúvida a se realmente não se sabe o que aconteceu.
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