Virgens de 17 anos ligeiramente bêbados
18.10.07
por Daniel Oliveira
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Superbad – é hoje
(Superbad, EUA, 2007)
Dir.: Greg Mottola
Elenco: Jonah Hill, Michael Cera, Christopher Mintz-Plasse, Seth Rogen, Bill Hader, Martha Maclsaac, Emma Stone
Princípio Ativo: amizade.
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A vida é bastante estúpida aos 17 anos.
Seja porque você é um loser. Ou porque seu melhor amigo é um loser. Ou porque vocês dois são muito losers. E só pensam em sexo e perder a virgindade porque todo mundo já perdeu. E quando perde, pensa ainda mais em sexo, porque foi péssimo e você precisa aprender a ficar bom nesse negócio.
E se você discorda, porque era super cool e popular e maduro e superior a isso tudo, o meu eu que ainda não superou bem essa fase me obriga a te perguntar: então por que você não pegou fogo e morreu naquela época, já que não precisava de mais nada na vida?
“Superbad – é hoje†é uma das comédias mais engraçadas do ano, não porque explora o ridÃculo dessa fase da vida, mas porque olha para ela com carinho. As melhores risadas que o filme provoca são na incômoda - e autêntica - intimidade entre seus dois protagonistas. Mais que um “American pie†melhorado, “Superbad†é um “E sua mãe também†protagonizado, escrito e dirigido por judeus criados no puritanismo norte-americano – o que, convenhamos, torna a idade ainda mais ridÃcula e difÃcil.
O roteiro, que os amigos Seth Rogen e Evan Goldberg começaram a escrever com 13 anos, conta a luta dos losers Seth (Hill) e Evan (Cera) para perder a virgindade antes de o colegial acabar – em dois meses. Pela primeira vez na vida, os dois são convidados para uma festa e precisam de bebidas (eles acreditam que álcool + garotas = sexo), só que não têm idade. Então, são obrigados a contar com a identidade falsa do amigo Fogell (Mintz), vulgo McLovin’, que é muuuuuito mais loser que eles.
Vindo de sitcoms como “The comeback†e “Arrested Developmentâ€, o diretor Greg Mottola apóia o ritmo cômico ininterrupto no desespero tÃpico da idade. Seu trabalho não é difÃcil, já que os diálogos não equacionam filme adolescente e boçalidade (“Foi mal se os irmãos Coen estavam muito ocupados para dirigir os pornôs que eu assistoâ€) e não se escoram exclusivamente na desgastada escatologia do gênero. Mas os fãs da escola Judd Apatow de comédia não precisam se preocupar: as piadas com pênis e vômitos estão lá.
O filme, porém, é de Jonah Hill e Michael Cera. A agitação e verborragia insana de Seth e a timidez e introspecção de Evan se encaixam quase que perfeitamente, em uma cumplicidade que lembra clássicos como o Gordo e o Magro, ou Matthau e Lemmon. São os dois atores, nas nuances do ciúme e da dependência mútua excessiva dos personagens, que retratam a imaturidade de dois caras que não sabem o que é amor, nem sexo. E sobrevivem da única coisa que parece eterna nessa fase: a amizade.
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