Busca

»»

Cadastro



»» enviar

05.10.07

por Rodrigo Campanella

Irina Palm

(Bélgica/Luxemburgo/Reino Unido/Alemanha/França, 2007)

Dir.: Sam Garbarski
Elenco: Marianne Faithfull, Miki Manojlovic, Kevin Bishop, Siobhan Hewlett

Princípio Ativo:
habilidade

receite essa matéria para um amigo

Ver “Irina Palm†é acumular motivo para pensar porque todos os filmes bons, que deixam a gente satisfeito, não podem ser tão bons quanto esse.

Talvez porque elegância na direção não é algo que se adquira através de uma transferência eletrônica de sete zeros para uma empresa de efeitos especiais ou um astro a sua escolha.

Talvez porque contar com gosto uma história é um trabalho complexo e cheio de labuta, incluindo talento e tutano. Fazer parecer simples algo que depois fica ecoando na sua cabeça não é para qualquer diretor, mas é para Sam Garbarski.

Maggie é uma polida senhorinha suburbana e viúva de Londres, dividida entre o baralho semanal com as amigas (da onça) e o netinho cada vez mais doente. Quando um tratamento possivelmente salvador surge para o menino, é na Austrália. A família já raspou cada cofrinho e os custos da viagem são altos. Maggie sai em busca de emprego. Após tomar uma saraivada de nãos, em todos os tons (velha, sem especialidade, inexperiente), ela descobre que possui um tesouro na extremidade do braço.

A questão é que o tesouro só se completa masturbando homens anônimos através de um buraco na parede, um peep show sem vista alguma, apenas com o toque feminino. “Irina Palm†é o nome de guerra, trocadilho com palma da mão e explosivo. Irina, de acordo com o dono do “clube†em que Maggie trabalha, “é o nome de muitas garotas bonitas no meu paísâ€.

Um dos trunfos claros do filme é escolher a roqueira e atriz Marianne Faithfull para o papel-título. Faithfull já se afundou nas drogas, teve sucesso, foi esquecida, esteve perto do centro do rock mundial, provavelmente teve dezenas de amigos que não eram amigos. Tudo isso está dentro de Maggie.

E Irina Palm, o filme, carrega a lucidez de raiz de não julgar ninguém. Apesar de tomar partido a favor da protagonista desde o inicinho, não há vilões nesse drama, apenas gente com seus recalques, motivos, barreiras. Gente que, tenha uma cena no filme ou quase todas, existe por completo. Maggie/Irina tem tantas dimensões quanto pode caber em alguém.

Por isso mesmo, quando rompe a fronteira da moralidade aceita socialmente e passa a redefinir um pouco o significado de “prostitutaâ€, “liberdade†e “sacrifício†na nossa cabeça, Maggie parece, enfim, estar só sacramentando em definitivo a liberdade conquistada com a viuvez.

Mais Pílulas:
A Vida Secreta das Palavras
Marcas da Vida
Princesas

Local de trabalho

» leia/escreva comentários (0)