Todos os gêneros do mundo
31.08.07
por Mariana Souto
|
Meteoro
(Brasil/Porto Rico/Venezuela, 2007)
Dir.: Diego de La Texera
Elenco: Cláudio Marzo, Nicolas Trevijano, Daisy Granados, Paula Burlamaqui, Lucci Ferreira
Princípio Ativo: mexidão
|
|
receite essa matéria para um amigo
“Qual é a desse filme?â€, foi a pergunta insistente na minha cabeça durante a sessão. “Meteoro†começa como uma superprodução de dar gosto, fotografia bem cuidada, trama histórica, lindos planos de um deserto, narração imponente. Mais tarde, começa a descambar para a comédia escrachada, o carnavalesco, o floreado e a fantasia, admitindo até o sobrenatural.
Só que tudo entra de forma mal preparada pelo roteiro e o espectador não sabe a que tipo de filme está assistindo. Pensar “não acredito que tô vendo isso†vira comum. Muitas vezes também acontece comédia acidental, e o que se propõe a ser engraçado geralmente não é. Até que o espectador resolva relaxar. Aà o filme começa a ser bom, de tão tosco, e a gerar mais risadas – ainda estou na dúvida se propositais ou não.
“Meteoro†parte de uma premissa bastante rica – um vilarejo, que se formou ao redor da construção de uma rodovia que ligaria BrasÃlia ao Nordeste, está isolado após o golpe militar. Só que o desenvolvimento do roteiro frustra as expectativas com diálogos artificiais e situações inverossÃmeis. Nenhum problema em ser irreal e fantasioso, com a condição de que todo o contexto seja armado nesse sentido. Só que isso não acontece, falha de que também sofria â€Muito Gelo e Dois Dedos D’águaâ€.
Com o decorrer do tempo, os personagens vão envelhecendo, casando, procriando. E a moda, numa vila isolada, acompanha o mundo por telepatia. Todo mundo vira hippie, black power e parece o elenco de apoio de “Hairâ€. Só mesmo a liberdade sexual que já existia... E esse é um exemplo de falta de verossimilhança que não faz mal a ninguém e alcança um resultado até simpático. Outros são absurdos e sugerem tramas mal desenvolvidas, como a separação de um dos casais.
Se o texto não começa com o pé direito, a direção ainda lhe passa uma rasteira. As atuações são artificiais, o posicionamento dos atores é teatral (quase sempre alinhados lado a lado para a câmera), há muitos closes desnecessários e falta ritmo. Às vezes falta foco também. E bom gosto.
O filme de Diego de la Texera vale pela empolgação, trabalho duro, iniciativa e variedade de abordagem em relação ao que se tem feito no cinema nacional. Ainda que a história não tenha sido transformada num roteiro à altura, “Meteoro†reflete um pouco sobre anarquia, utopia, nacionalismo e um momento histórico importante do paÃs, tendo como base fatos reais que merecem ser lembrados.
Mais pÃlulas:
Réu e Condenado – Um compêndio lÃrico de escárnio e dor
Crime Ferpeito
Borat
Rir ou chorar é por conta do freguês
» leia/escreva comentários (2)
|