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O disco que o Harry Potter de 15 anos ouviria

06.06.07

por Cedê Silva

Linkin Park – Minutes to Midnight

(Warner, 2007)

Top 3: “Given Upâ€, “Bleed it Outâ€, “Valentine's Dayâ€.

Princípio Ativo:
Angst... angst... angst...

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O Relógio do Apocalipse, fundado em 1947, é uma medida simbólica mantida por um grupo de cientistas atômicos. Mede a que distância a humanidade está do holocausto nuclear. Inspirou uma música do Iron Maiden e uma história em quadrinhos, Watchmen. Inspirou também o título do terceiro álbum dos californianos do Linkin Park. Eis que vem a má e a boa notícia.

A má notícia: em janeiro de 2007, o relógio foi adiantado em dois minutos, por causa dos eventos na Coréia do Norte e no Irã. Estamos a cinco minutos da meia-noite – e não uma meia-noite de abóboras, Cinderela; mas de cogumelos. Atômicos.

A boa notícia (ou não): Minutes to Midnight está longe de ser apocalíptico, seja para o mundo ou para a carreira do Linkin Park. Mas não vai convencer os ouvintes céticos de que a banda presta. É somente para os de mínima boa vontade e para os fãs.

O álbum começa com “Wakeâ€, faixa instrumental que não desperta muita coisa, mas ficaria bem no elevador. Depois, alterna músicas pesadas e lentas, numa fórmula sacal, mas que cumpre o objetivo de não cansar.

De política, o Linkin Park quer entender: a duplinha “Hands Held High†e “No More Sorrow†é uma descarga de angústia ao governo Bush e à guerra no Iraque. É um mundo esquisito, onde mesquitas explodem, mas não sinagogas (“A bomb blew the mosque up yesterdayâ€); guerras se resumem a dinheiro (“You trade money for livesâ€) e roqueiros milionários que andam de avião entendem de pobreza (“Like they understand you / In the back of the jet / When you can’t put gas in your tankâ€). “Hands Held High†tem um refrão de “améns†que poderia ser de uma música do UDR, e serviria muito bem num videoclipe de ONG.

O álbum tem várias faixas vendáveis para outros fins. “Shadow of the Day†parece ter saído direto de uma comédia romântica adolescente, e “Valentine’s Day†é daquelas músicas de transição, que tocam enquanto o filme alterna entre cenas do mocinho e da mocinha em tarefas do dia-a-dia, cada um sozinho e com expressão triste. Já “Bleed It Out†é trilha de violência urbana, para você escutar no Ipod enquanto brinca no GTA de fuzilar gangues rivais.

Um dos vídeos da saga “Potter Puppet Pals†mostra Harry Potter batendo a cabeça na parede, dizendo: “angst... angst... angst...â€. É esse o combustível da faixa “What I’ve Done†(“I´ve drawn regret / from the truth / of a thousand liesâ€), e também de “Given Upâ€, típica música de quando você acorda atrasado pra aula.

Em resumo, este é um disco que o Harry Potter de 15 anos (A Ordem da Fênix) adoraria. Com esse filme chegando, não há presente mais adequado.

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