O arroz do sushi
14.05.07
por Suellen Dias
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Air – Pocket Symphony
(EMI, 2007)
Top 3: “Once upon a timeâ€, “Mer du Japon†e “Napalm Loveâ€.
Princípio Ativo: música para ambientes
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Versalhes, meados dos anos 90. Dois jovens músicos: Nicolas Godin e JB Dunckel, também conhecido por Darkel. Um era arquiteto, o outro era estudante de matemática que virou professor de inglês. Godin e Darkel se conheceram na universidade e tocaram juntos numa banda chamada Orange. Em 98, já com o nome de Air, a dupla lançou o disco Moon Safari. A gravadora Virgin assinou com o duo na esperança de ter encontrado o “novo Daft Punkâ€, mas parece ter mirado errado. Enquanto o Daft Punk faz música pra gente dançar, o Air dá a impressão de fazer música para soporizar ambientes.
Pocket Symphony, quinto álbum de estúdio, traz na capa estátuas de gelo de Godin e Darkel. A dupla aparece numa elegância genuinamente francesa, num luxo impecável, limpinho. Depois de olhar a imagem pela terceira vez, o vazio da foto começa a ficar gritante e acaba virando incômodo. É exatamente neste ponto que a embalagem traduz perfeitamente seu conteúdo.
Ao ouvir as faixas de Pocket Symphony você pode até achar algo de interessante, mas em pouco tempo a música cansa. Isso porque uma sala clean, a grosso modo, não passa de uma sala vazia com ares de chique. O álbum é uma sinfonia para bolsos burgueses, do gênero que paga metade do valor de um apartamento para comprar um renomado quadro em branco e dependurá-lo como vedete da sala de estar.
E já que falamos em burguesices, o Air também compôs músicas para o filme Maria Antonieta. A parceria com a cineasta Sofia Copolla é antiga – o segundo CD dos homens de gelo é a deprimente trilha da não menos deprimente obra de estréia da moça, Virgens Suicidas. O disco traz faixas com nomes lúgubres (“Dead Bodiesâ€, “Suicide Undergroundâ€), mas ainda assim é melhor que Pocket Symphony, que ao tentar incorporar influências japonesas, não dá conta do sushi inteiro e inspira-se só no arroz.
Os fãs de arroz grudado e sem tempero podem talvez gostar de “Once upon a time†e “Napalm Loveâ€, as menos insossas do álbum. Quanto à s outras, talvez um bom remix faça despertar alguma reação mais entusiasmada que um bocejo. De nada adianta sobrepor elaboradas camadas de som se elas não dizem nada à quele que a escuta. Ou a música faz sentir, ou ela perde o sentido. E por isso que apesar de toda a pretensão, um simples assovio pode ser muito mais música que a sofisticada sinfonia de bolso do Air.
Darkel e Godin: os ambientes agradecem
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