Uma Coppola na Corte Francesa
02.04.07
por Daniel Oliveira
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Maria Antonieta
(Marie Antoinette, Japão/França/EUA, 2006)
Dir.: Sofia Coppola
Elenco: Kirsten Dunst, Jason Schwartzman, Marianne Faithfull, Steve Coogan, Judy Davis, Molly Shannon, Rip Torn, Asia Argento
Princípio Ativo: Anacronismo
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Maria Antonieta conheceu cedo as responsabilidades de uma famÃlia real. Com menos de 18 anos, foi enviada para o casamento com LuÃs XVI, um garoto que ela nem conhecia, e para se tornar a futura rainha da França. Antonieta amadurece na corte francesa, um mundo exuberante, estranho e de figuras pitorescas – explicitado no jantar com a cortesã do rei.
Sofia Coppola também não demorou em conhecer as expectativas do sobrenome. De crescer chamando Spielberg e De Palma de “tio†e viver entre a psicodelia e os principais artistas da Califórnia da década de 70. Com menos de 20 anos, ela teve que encarar um papel central no encerramento de uma das trilogias mais aclamadas do cinema.
A obrigação de parir um herdeiro para a coroa foi um martÃrio para Maria Antonieta, já que o glutão LuÃs XVI não demonstrava interesse sexual pela esposa. Com a humilhação de ver a irmã do marido engravidar primeiro e a crise no casamento, ela se entrega ao luxo, à superficialidade e aos “agitos da galerinha cool†da corte de Versalhes.
A atuação de Sofia em “O poderoso chefão 3†foi um fiasco massacrado pela crÃtica e ridicularizado pelo público. Com o estigma de “filhinha bancada pelo papaiâ€, ela foi viver sua vida: ser amiga de Tarantino & cia., aparecer no clipe da Madonna, namorar Spike Jonze.
A pressão de cumprir suas â€funções polÃticas†só foi aliviada com a chegada da primeira filha. Maria Teresa não era o homem que a França esperava, mas “era a filha que Maria Antonieta criaria só para elaâ€. As crÃticas da famÃlia real, porém, só foram encerradas com o nascimento do “delfimâ€, o filho homem que (não) daria continuidade à monarquia francesa.
Coppola comprovou que tinha celulóide no sangue com seu aclamado primeiro longa, “Virgens suicidasâ€. Era um filme intimista, de meninas. Um filme de Sofia. E ela só deu um fim à pressão do sobrenome ao se tornar a primeira mulher norte-americana indicada ao Oscar de direção. E ao ganhar a estatueta de melhor roteiro, por “Encontros e desencontrosâ€.
Maria Antonieta foi condenada e decapitada por sua alienação. Por não se dar conta de como seu povo vivia – e se preocupar mais com problemas pessoais do que com polÃtica.
Sofia Coppola foi vaiada em um festival francês por uma acusação injusta de alienação. “Maria Antonieta†é um filme visualmente exuberante e divertido que se arrasta um pouco no terceiro ato. E comprova, novamente, o talento excepcional de Sofia na direção – a cena da última refeição, em que Dunst olha para Schwartzman é sublime e diz tudo da relação daqueles dois. E sim, Coppola está mais uma vez falando dela mesma. E como fala bem.
Acredite: eles estão dançando Siouxsie and the Banshees. Bombava naquela época.
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