Universo em expansão
25.01.07
por Rodrigo Campanella
|
A Grande FamÃlia - O filme
(Brasil, 2007)
Dir.: MaurÃcio Farias
Elenco: Marco Nanini, Marieta Severo, Pedro Cardoso, Lucio Mauro Filho, Guta Stresser, Paulo Betti, Andréa Beltrão
Princípio Ativo: mais gente em casa
|
|
receite essa matéria para um amigo
Aposta: A primeira visão da casa de Lineu e Nenê na grande tela é um travelling do alto em que se vê toda uma rua do subúrbio e, ao fundo, arranha-céus estilo “cidade real em movimentoâ€. Quando um programa sai das polegadas caseiras para a sala escura, costuma trilhar apostas bem especÃficas: ampliar sua geografia ou introduzir um evento de grandes proporções que ocupe o tempo de projeção. Bem mais raro é levar uma marca da televisão para um filme que reprograma um gênero cinematográfico (Miami Vice). “A Grande FamÃlia – O Filmeâ€, coloca mesmo suas moedas é naqueles dois caminhos.
Alavanca: Conhecemos agora o prédio da repartição de Lineu, o exterior do salão de Marilda, os paralelepÃpedos da rua da famÃlia e exteriores anexos. Na vertente dos acontecimentos entra a gravidez de Bebel e a volta de um ex-quase-namorado da dona da casa, com conseqüências funestas. A primeira aposta funciona melhor: os mesmos eventos caberiam bem embalados em um par de episódios de quinta-feira, com a qualidade de cansarem menos. A própria repetição a que o filme recorre deixa o gosto ruim de que um cinema era desnecessário.
Jackpot: Mas aqui desnecessário não é sinônimo de dispensável. O mérito do filme (e seu provável sucesso) é resultado direto de uma das melhores atrações da dona do Projac. “A Grande FamÃliaâ€, série, tem uma qualidade agridoce que a leva do tapa no inÃcio ao abraço nos créditos sem cair na necessidade de confundir ‘popular’ com subestimação de quem assiste. “Déjà Vuâ€, semana passada, era exemplar da tendência à viseira que abate quase todos os filmes ‘para grande público’, onde o final surge como se fosse a equação/emoção possÃvel.
A glória da atual encarnação d’“A Grande FamÃlia†na televisão (a original foi de 1972 a 75) é sua forma desconjuntada, instável onde não é a predestinação mas o afeto diário e sincero (elemental desaparecido das telas) , junto da habilidade mambembe nas cordas bambas da vida besta que constroem um final provável.
Saque: A arte de equilibrista é dos personagens, do cenário e do cotidiano, tão cenográficos e bem mais reais do que o ‘universo televisão’ se mostra habitualmente. “A Grande FamÃlia†talvez seja a única ficção nacional recente onde aparece um caminhão recolhendo lixo, sabão em pó e uma estante de bibelôs. Dessas miudezas e do carisma de atores casados com seus personagens nascem o afeto e a identificação. A largada do filme já tem o benefÃcio – gigantesco – de contar com esse afeto que se transfere de um meio a outro. Deveria tratar com mais cuidado os fãs que convidou ao cinema.
Tuco, Lineu e Nenê: a famÃlia reunida numa casa bem maior
» leia/escreva comentários (9)
|