Coisa linda de Deus
05.01.07
por Braulio Lorentz
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Yusuf, An Other Cup
(Universal, 2006)
Top 3: “Midday (avoid city after dark)â€, “Heaven/Where true love goes†e “I think I see the lightâ€.
Princípio Ativo: folk
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Querida Lu Dias,
Vamos combinar uma coisa pra 2007, beibi? Você vai esquecer o Devendra e todos aqueles folk novos que você ouve. Eu também deletarei meus discos do Badly Drawn Boy da minha pasta de MP3, justiça seja feita. A gente seria tipo um par de Jack Black's bem menos gordinhos, ensinando em uma Escola de Folk. Ou melhor, nós passarÃamos a ser os enciclopédias do folk, sempre dando lições sobre Donovan, Van Morrison e, claro, aquele que se chamava Cat Stevens (Yusuf Islam, desde 79, quando se converteu ao Islamismo).
Outra coisa que eu tenho que combinar, essa é mais comigo mesmo do que com você, é não ouvir este disco novo do ex-Cat quando eu estiver na merda. A versão de “Don’t let me be misunderstood†é a “Não me arrependo†gringa de 2006. Caê, parecido com Cat, não lançava um disco com boas músicas-canções desde os tempos em que eu engessava o braço quebrado do meu Donatello com durepox. E como eu não sei se meninas também gostavam das Tartarugas Ninjas, Donatello era a tartaruga de faixa roxa. Ah... E o Cat não grava um belo disco pop desde antes disso, quando em 78 lançou Back to Earth.
Minha defesa pelas velharias do folk já começa quando aponto minhas faixas preferidas de An Other Cup. “I think I see the light†é uma regravação e apareceu pela primeira vez naquele que talvez seja o melhor disco do Cat, Mona Bone Jakon, de 1970. “Heaven/Where True Love Goes†dialoga bonito com “Foreign Suiteâ€, do não tão bom Foreigner, lançado três anos depois.
As letras passeiam pelo amor verdadeiro, o vento soprando no rosto e a sensação de ver a luz. Os temas das minhas favoritas justificam a alcunha “Jack Johnson dos anos 70â€, usada pelo Sérgio Martins e por outros do ramo.
“Um dia poderemos deixar as máquinas de lado / Um dia poderemos aprender como os passarinhos sobrevivem / Um dia poderemos aprender a voarâ€, canta Yusuf em “One day at the timeâ€, com dedilhados não indicados para serem acompanhados com seus ouvidinhos de menininha apaixonada. Os pianinhos de “In the end†também não são adequados, quando o moço diz “Hmmm...†o seu coração hippie pode piscar.
Ele vive uma vida de devoção, mas nem por isso deixa de lado prazeres como fazer música pop, ganhar dinheiro e coçar o queixo com os óculos. Mas ele merece né? Ele também é filho de Deus.
Bjo,
Báu
Esta foto me transmite uma paz...
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