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Barrados no aeroporto

21.12.06

por Daniel Oliveira

Menores desacompanhados

(Unaccompanied Minors, EUA, 2006)

Dir.: Paul Feig
Elenco: Lewis Black, Wilmer Valderrama, Tyler James Williams, Dyllan Christopher, Brett Kelly, Gina Mantegna, Quinn Shephard

Princípio Ativo:
Esqueceram de mim wannabe no aeroporto.

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Então lá estava eu: domingo, 10 horas da manhã, pré-estréia de “Menores desacompanhadosâ€. (E não me comece a me culpar pelo começo clichê. O filme é clichê. Estou tentando meu melhor).

Era 17 de dezembro, o que para os shoppings significa véspera de natal, mesmo que o natal ainda demore uns 10 dias. A decoração estava lá - assim como a música, as crianças, a correria e os gritos. Eu estava com sono, fome e mal humorado e tomei um milk shake para tentar melhorar. Foi o cenário perfeito para o filme do diretor Paul Feig. Cinco crianças presas no aeroporto na noite de natal por causa de uma nevasca. Nada muito mais que isso.

“Menores desacompanhados†tenta repetir “Esqueceram de mimâ€, só que em um aeroporto. Como não acharam um novo Macaulay Culkin, colocaram cinco atores no lugar dele. Um é Tyler James Williams - o Chris, de “Everybody hates Chrisâ€. Ele é Charlie, um judeu negro e nerd – e os esforços de reverter estereótipos do roteiro são dessa “sutileza†para baixo.

Grande coisa. O filme trabalha com os arquétipos de sempre – o atrapalhado charmoso, a bonitona que esconde sua vulnerabilidade, o gordo que é isolado pela turma, a menina-meio-menino que esconde sua vulnerabilidade. Ah! E tem o Wilmer Valderrama (o Fez, de “That 70’s showâ€) como Van Bourke, personagem dispensável e sem graça – que imagino que só criaram para dizer que “nem todos os funcionários de aeroporto são vilões e mal humoradosâ€. As frases dele são do naipe: Chefe, elas são só crianças. Deixe-as aproveitar o natal!

Com essa originalidade toda, o roteiro se apoiaria nas peraltices dos pimpolhos e na comédia. Só que já vimos Culkin fazer tudo aquilo – e melhor – 15 anos atrás. E o humor não se decide entre adulto ou infantil e explica cada piada com uma “tirada final†ridícula. Confusão que piorou com a cópia legendada e minha preocupação com a gurizada de cinco anos (e até menos) que eu tinha visto na fila.

Pronto, fui o jornalista chato e que odeia natal. Agora, admito: ri quase o filme inteiro. Não sei se foi o açúcar do milk shake ou o quê. Com a galera toda rindo no cinema, eu me dei conta: a direção é péssima, os atores são péssimos, o roteiro é horroroso. Mas estão lá a leveza, a família reunida no final, o cara que não gosta de natal, leva uma lição e passa a gostar, o Papai Noel e os presentes também.

É o que as pessoas parecem querer nessa época: o filme que, mesmo idiota, a “família†vai achar ótimo na Sessão da Tarde daqui a cinco anos, comendo até explodir. Vai entender. Se bem que são as mesmas pessoas que enfrentam shoppings lotados e filas gigantescas só por uma data...

Atenção: teste final para Macaulay Culkin...quem topa dormir na caminha com o tio Michael Jackson?

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