Deadline
15.12.06
por Rodrigo Campanella
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007 - Cassino Royale
(Casino Royale, Estados Unidos/Inglaterra/Republica Tcheca, 2006)
Dir.: Martin Campbell
Elenco: Daniel Craig, Eva Green, Mads Mikkelsen, Judi Dench, Caterina Murino, Jeffrey Wright
Princípio Ativo: o homem-múltiplo
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O novo James Bond não se decide entre herói romântico, galanteador charmoso, boxeador de rua ou espião com, quem sabe, cérebro. Talvez por isso surjam tantas idéias de tÃtulo para essa matéria durante o filme. Talvez por isso o melhor seja usar todas elas:
Zero zero. Quando a primeira futura vÃtima aparece caminhando em tomadas hitchcockianas, com direito a fotografia granulada em p&b, vem a impressão de que o James Bond do novo século descobriu que no passado se era muito mais moderno. Mas no meio da cena se espatifa um flashback com jeitão de extra de “Jogos Mortaisâ€. Ali a emulação acaba e você entende porque agora é Daniel Craig quem carrega o novo no velho agente: no cinema atual, muque e bala na testa assumem o lugar da lábia e do silenciador. O que, nesse pacote chamado “Cassino Royaleâ€, não resulta em algo ruim.
A massa humana. O mesmo realismo cria espaço para que esse Bond-movie seja o primeiro em tanto tempo a não parecer dirigido por uma mesa de efeitos especiais. A primeira perseguição (uma enorme propaganda de Le Parkour), já exibe uma câmera calibrada em escala humana - corpos, movimentos, personagens. O “peso humano†rende, visualmente, um dos filmes mais bonitos da série. Não confunda com ‘conteúdo humano’ – os roteiristas fazem isso e levam Bond perigosamente perto dos clichês de comédia romântica.
Lugar à mesa. Para compensar deslizes num filme que é divertido mesmo quando cansa, Eva Green é o par escolhido para James. Sean Connery, primeiro Bond, sabia que elegância é tanto berço quanto blefe - tão bem que se tornou incomparável. Dessa vez é a senhorita Grenn/Vesper Lynd que serve como passaporte para o brucutu de Craig não parecer o porteiro num restaurante de luxo. Green não tem beleza fácil nem uma personagem exemplo de emancipação – mas é o melhor pedestal erguido à mulher que já apareceu num 007.
Simpson. Homer. Duoh’. O olhar compenetrado de Craig pode ser traduzido sem erro por “não estou entendendo nadaâ€. E isso não traz o mÃnimo problema. Ao contrário, Craig parece entender a piada involuntária e usar ela a favor de um Bond em que os trÃceps avançam sobre a massa cinzenta. E restam os bons diálogos e ótimas tiradas.
Precisão na hora errada. Em “Royale†a violência realista toma a franquia 007 – mas “Miami Vice†já tinha feito isso melhor. Mérito, para quando os roteiristas criam um bom filme de ação que praticamente se passa numa mesa de carteado. Mas, pena, cortaram a validade do antigo charme de Bond antes do prazo expirar.
Eva, Craig e a tal “massa humanaâ€
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