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Esquisito, ein?

28.11.06

por Isabel Furtado

Beck – The Information

(EMI, 2006)

Top 3: “Strange Apparitionâ€, “No Complaints†e “Elevator Musicâ€.

Princípio Ativo:
Ingrediente secreto

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Uma das coisas que eu mais gosto a respeito do Beck é que, se você não escuta um disco dele com a devida atenção, você se perde e não sabe mais se ainda está na mesma música. Os ritmos, andamentos e ambientações mudam às vezes sem dar o menor aviso. Cada canção e cada compasso é um coelho tirado da cartola.

Eu ouvia The Information pela primeira vez enquanto navegava na web por sites feitos em flash, daqueles bem rebuscados que, sem pedir licença, tocam uma música ambiente quando carregam. As composições do rapaz são tão imprevisíveis que algumas vezes achei que a música de fundo de algum site era um efeito sonoro que fazia parte da música de Beck, ou o contrário. E que isso não soe como algo negativo!

Outra coisa que admiro em seu trabalho é que ele consegue, como poucos artistas, fazer da música uma história para ser ouvida. Seus discos são assim, como um bom filme ou livro que, quando você se dá conta, já entrou a fundo na história.

Apesar de cada nota e cada instrumento representar uma quebra por si só, o lançamento em questão não rompe de forma alguma com o trabalho anterior, Guero. Ao contrário disso, dá continuidade aos sete discos mais recentes, que construíram a carreira de Beck de uma forma tão harmônica quanto a dissonância de suas canções.

Neste disco os elementos que sempre caracterizam seu legado continuam lá: folk, rap, aparato eletrônico, bom-humor, ironia e esquisitice. Porém, Beck agora está mais soturno, menos dançante e tirando maior proveito das palavras, sem querer desperdiçá-las com bobagenzinhas estéticas como as de outrora. Não sei se é a idade ou a mão de Nigel Godrich (que também produziu Sea Change, de 2002).

O primeiro single é “Náuseaâ€, uma má escolha na minha humilde opinião. Ela começa bem, com um riff marcante, mas tem o refrão meio chatinho, lembrando os momentos mais emotivos de Moby. Uma boa aposta seria “No Complaintsâ€, música muito mais cativante, mesmo com sua doçura que beira o perigo.

Em The Information, Beck mais uma vez mostra que esquisitice não é pecado, mas sim um enorme parque de diversões cheio de possibilidades e que traz bons resultados quando usada com criatividade e bom gosto.

Beck e o chroma key

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