Compasso do samba
17.07.06
por Rodrigo Édipo
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Max de Castro - Balanço das Horas
(Trama, 2006)
Top 3: “Canduraâ€, “Não Tem Remédio, Remediado Estáâ€, “Balanço das Horasâ€
Princípio Ativo: Tempo
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Max de Castro tem uma preocupação artÃstica inquieta, o que sempre provoca grande expectativa a cada novo lançamento. Balanço das Horas apresenta como novidade uma pegada mais roqueira (pero no mucho) e um suingue despojado, sem perder o compasso do samba.
Retrocedi no tempo e relembrei Samba Raro (1999), primeiro disco de Max. A internet explodia e eu ainda pegava discos emprestados para gravar. Os mais procurados eram os da já respeitada gravadora Trama. Na época, Jorge Ben era o “artista velho†na moda e todo “artista novo†era influenciado pelo cara. Não foi diferente com Max. O disco marcou época e apresentou uma sonoridade peculiar. Com uma instigante programação de beats eletrônicos ancorados por uma voz arrastada e anasalada, Max de Castro impôs uma nova linguagem na música nacional, em um disco totalmente produzido por ele.
Esse ineditismo estético foi abandonado em Orquestra Klaxon (2002). O segundo álbum, recheado de instrumentos e arranjos grandiloqüentes, virou um portfólio de comprovação da capacidade do compositor. O músico perdeu o peso inovador da estréia, mas ganhou em elaboração musical.
Após o não tão expressivo disco anterior, homônimo, de 2005, ele busca um repertório mais acessÃvel, porém com a sofisticação natural de um estudioso de música. A procura por inovação é o que tem salvado a música nacional atualmente, vide Los Hermanos, Nação Zumbi e Mombojó. Max de Castro se enquadra nesse seleto grupo.
O novo disco começa muito bem. A faixa “Balanço das Horas†é um indie rock instigante, com linhas de guitarra de causar inveja a Rodrigo Amarante em seus momentos mais roqueiros. É uma das melhores músicas de rock lançadas este ano por aqui. As próximas cinco músicas são menos surpreendentes, mas não menos agradáveis. Como é o caso da bossa instrumental “Se Não Tem Remédio, Remediado Está†e o mangue beat reorganizado de “É o Caso de Perguntarâ€. Em “Canduraâ€, a melhor faixa do disco, Max de Castro canta sua já esquecida habilidade romântica, representada em seu primeiro disco pela bela “Onda Diferenteâ€.
O disco tem um andamento irregular. Até a sexta faixa é ótimo, depois os altos e baixos o tornam meio chatinho. Com a proposta monotemática (todas as faixas falam sobre o tempo), as letras soaram inexpressivas e caricatas. Um trecho como “tempo é dinheiro e nós não temos tempo a perderâ€, na música “Sly Stone Is Playing In My Houseâ€, destrói qualquer boa vontade. Balanço das Horas passa longe de ser uma obra-prima. Porém é o grande disco do carioca após Samba Raro. Não sei se isso é bom ou ruim.
Max, garoto inquieto
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