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O(a) gordo(a) e o(a) magro(a)

07.04.06

por Daniel Oliveira

Irma Vap - O retorno

(Brasil, 2006)

Dir.: Carla Camurati
Elenco: Marco Nanini, Ney Latorraca, Marcos Caruso, Thiago Fragoso, Fernando Caruso, Leandro Hassum

Princípio Ativo:
Nanini & Latorraca

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Um dos grandes trunfos de “O mistério de Irma Vapâ€, clássico do Teatro do Ridículo escrito por Charles Ludlam que ficou 11 anos em cartaz com Marco Nanini e Ney Latorraca, era a rápida troca de personagens feita pelos dois atores (que virou até propaganda de Brastemp, lembra?). Problema: isso não fazia sentido nenhum no cinema.

É aí que o roteiro de “Irma Vap – o retorno†teve que rebolar. Ele inventa uma enrolação desnecessária, que seria até justificável se existisse algo como o “Cinema do Ridículoâ€. Claramente chupado de “O que teria acontecido com Baby Janeâ€, longa com Bette Davis, de 1962 (o que é admitido por Nanini em uma cena constrangedoramente engraçada), ele só serve para provar um argumento: Nanini e Latorraca poderiam fazer “O mistério de Irma Vap†sem as pernas, os braços, com os olhos vendados e a língua presa. E verdade seja dita: convence.

O porém é a impressão de que todo o longa até o ato final, em que os dois encenam a peça, poderia ser jogado fora, sem prejuízo algum. Inclusive o bom timing de Marcos Caruso (Depois daquele baile) é desperdiçado em um personagem que se perde no meio da trama. Adicionando dois personagens aos vários que já faziam na peça – Nanini faz os irmãos Tony e Cleide (hilária) e Latorraca interpreta Darci e sua mãe – é só a dupla que supera as deficiências do longa e prova que são dois dos melhores comediantes da atualidade.

As trucagens do diretor de fotografia Lauro Escorel para colocar os dois protagonistas contracenando com eles mesmos são eclipsadas pela atuação. O roteiro, que brinca com duplos (homem/mulher, teatro/cinema), destaca-se em algumas referências teatrais, que nem todo mundo vai entender. Ele desloca frases da peça para fora dela e troca Nanini e Latorraca de lugar nos diálogos, como na cena do chá na casa de Cleide. A direção de Carla Camurati e a edição não imprimem ritmo à história, algo essencial na comédia. E, assim como em “O gatão de meia idadeâ€, a trilha pop-eletrônica-chiclete-anos-80 parece barata e deslocada da narrativa.

É interessante notar entre os roteiristas de “Irma Vap – O retorno†o nome de Adriana Falcão, que recém-adaptou para o cinema “A máquinaâ€, outra peça de teatro. Enquanto neste último, o resultado foi uma orquestra audiovisual afinada e uníssona, no longa de Carla Camurati, tudo gira em torno de dois elementos essenciais: Marco Nanini e Ney Latorraca. Por mais que a diretora, Escorel e o resto do longa tentem criar um entorno, o que interessa ali é só eles – o que não é pouco, se você levar em conta que cada um faz cinco personagens.

Piada interna: Nanini e Latorraca trabalham enquanto o resto do filme ri

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