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Pacote de Luxo

03.04.06

por Rodrigo Édipo

Céu - Céu

(Ambulantes Discos, 2005)

Top 3: “Lendaâ€, “Concrete Jungleâ€, “Ave Cruzâ€.

Princípio Ativo:
Todo o conjunto

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A música nacional dá mais um suspiro. Depois do boom mercadológico de Maria Rita, do descartável drum n’ bass de Fernanda Porto e do atual sucesso “Ai ai aiâ€, de Vanessa da Mata, aparece de súbito um tímido fenômeno chamado Céu. O lançamento do CD Céu nos dá a impressão de que existia uma lacuna na MPB contemporânea que há muito não tinha sido preenchida: a face compositora de uma grande intérprete. Das quinze faixas do disco, doze são assinadas por Céu.

A paulistana de 25 anos Maria do Céu encanta não só pela voz doce e sem esforço, mas pelo carisma de todo o conjunto. Beleza, serenidade e talento em um só pacote. Produzida por Beto Villares, Antônio Pinto e pela própria cantora, a bolacha de estréia não chega a representar um grande marco na música nacional, como também não seria justo procurar nela algo novo, pós-moderno. É simplesmente um disco agradável, sem firulas tecnológicas muito menos poesia rebuscada. A linha ingênua do CD é a condição para a sua qualidade.

O som de Céu denuncia que a musa está inserida na “Geração Dama Terezaâ€, que tem o coletivo paulista Instituto como cabeça. Ela também flerta com músicos da geração pós-manguebeat. Uma gênese que anda ouvindo muito afrobeat, dub, coco, embolada e trip hop. Consequentemente, esses elementos são encontrados no seu álbum de estréia, que passeia por todas essas referências sem deixar explícita cada uma delas.

Na excelente música “Lendaâ€, por exemplo, a estética eletrônica do trip hop aparece como mais um elemento da música, que, além disso, conta com um arranjo de cordas na mesma intensidade. Longe das afetações eletrônicas que marcaram a esforçada Marina Lima e a farsa Fernanda Porto. Análise que serve também para a faixa intitulada “Rodaâ€, que tem base eletrônica texturizada, como um Portishead mais refinado.

Com este disco de estréia, a cantora mais cedo ou mais tarde vai bombar nas melhores festas, nos melhores programas de televisão e nos melhores camelôs. Porém, seria massa se a superexposição da imagem não estragasse o encanto da caloura.

Requisitada:

Céu acaba de participar do novo CD da banda pernambucana Mombojó. A bolacha sairá em abril pela gravadora Trama e a cantora canta na faixa “Tempo de Carne e Ossoâ€, produzida por Lúcio Maia (Nação Zumbi).

E mais...

Depois de conquistar a Europa ano passado, o disco de estréia dela acaba de ser lançado no Canadá, em parceria com o selo local LCL/Fusion III, e ocupa a quarta colocação entre os mais vendidos na categoria World Music.

Céu: simplicidade e eletrônica sem farsa

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