O terror subiu (pela escada) no telhado
31.03.06
por Daniel Oliveira
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Quando um estranho chama
(When a stranger calls, EUA, 2006)
Dir.: Simon West
Elenco: Camilla Belle, Tommy Flanagan, Katie Cassidy, Tessa Thompson, Brian Geraghty
Princípio Ativo: cinema via telefone
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Em uma noite como babá em uma casa afastada, a desafortunada estudante Jill Johnson recebe telefonemas de um estranho que começa a aterrorizá-la. A premissa não é ruim - está lá a versão original de 1979 para comprovar isso. Então, a pergunta: por que refilmar um longa que já era bom?
Retóricas à parte, enquanto assistia ao filme, pensei seriamente em editar um manual de “Como sobreviver a serial killers, psicopatas e afins para jovens estrelas hollywoodianasâ€. Sério. Talvez ajudasse a tal Jill e suas “amigas†Laurie Strode (Halloween), Julie James (Eu sei o que vocês fizeram no verão passado) e Sidney Prescott (Pânico).
Esse último já trazia algumas lições (não seguidas pela protagonista) em seu cartaz: não atenda ao telefone, não abra a porta, não tente escapar. A essas, eu acrescentaria algumas: não suba a escada; não saia correndo sozinha para o meio do mato com uma lanterna (o que ela vai adiantar se o assassino aparecer?); chame a polÃcia logo; não fique resmungando e choramingando – isso irrita ainda mais o psicopata (e qualquer um na sala de cinema); não faça perguntas como “o que você quer de mim?â€, “quem é você?â€, “por que você está fazendo isso comigo?†– além de clichês, elas não ajudam em nada.
Numa escala de 0 a 10, Jill tiraria um cinco nesse manual. Dedinho frenético no telefone – os pais a fizeram trabalhar para pagar os mais de 200 minutos de conta no celular - ela não demora em chamar a polÃcia. Mas, em compensação, não pára de atender o tal estranho porque acha que pode ser o namorado que a chifrou (!?). E ela murrinha o tempo inteiro. É irritante.
Mas esse último ponto se deve à péssima direção de Simon West. O cara que fez de “Tomb Raider†uma cinessérie natimorta prova que podiam pagá-lo para ficar em casa. A atriz Camilla Belle mostrou serviço em “O mundo de Jack e Roseâ€, mas ao ter que segurar um longa praticamente sozinha em cena, ela exagera nos choramingos e na cara de medo, tÃpicas de uma direção fraca e pouco inspirada. E mesmo quando começa a criar uma ambientação, ensaiando um suspense interessante, West apela logo para o barulho inesperado, o susto e impede o público de criar uma expectativa crescente com relação ao filme.
Acrescentem-se os furos no roteiro, a seqüência inicial dispensável e deslocada com relação ao resto do longa e o final mais que forçado para pedir uma continuação e você tem outra receita de terror barato e caça-nÃquel. Aos fãs de terror hormonal, ainda vale mais a pena fazer uma sessão pipoca com os amigos e alugar o DVD do longa original e do primeiro “Pânicoâ€. E cuidado com o telefone depois.
Ok, pelo menos a foto é legalzinha...
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