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Como não ser original

31.08.05

por Daniel Oliveira

A chave mestra

(The skeleton key, EUA, 2005)

Dir.: Iain Softley
Elenco: Kate Hudson, Gena Rowlands, Peter Sarsgaard, John Hurt, Joy Briant

Princípio Ativo:
Uma loira e dois pretos velhos

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Quatro clichês dos quais “A chave mestra†não pode ser acusado:

1- Não é adaptação de terror japonês
2- Não é remake de filme de terror antigo
3- Não tem adolescentes tomando decisões estúpidas para fugir de um serial killer invencível
4- E nem começa com um prólogo assustador e totalmente desnecessário.

Destacados os (poucos) méritos que o atual suspense / terror hollywoodiano nos força a reconhecer no longa, “A chave mestra†abusa de quase todos os demais clichês que povoam a (falta de) criatividade do gênero. Mesmo com um roteiro original, “A chave mestra†não satisfaz a sede dos fãs do medo que, provavelmente, não se surpreendem desde “O sexto sentidoâ€.

Zoom’s rápidos em direção ao rosto do ator para causar medo, aumentos repentinos no volume da trilha, ganchos para continuações, reviravoltas se sucedendo no final e vilões que nunca morrem, a la Jason. São só alguns dos ingredientes vencidos do roteirista Ehren Kruger (O Chamado) e do diretor Iain Softley (K-Pax) para contar uma história sem muito sal. Caroline (Kate Hudson, “Como perder um homem em 10 diasâ€) é uma estudante de enfermagem contratada para cuidar de Ben (John Hurt, o narrador de “Dogvilleâ€), um senhor que sofreu um derrame, marido de Violet (Gena Rowlands, “Roubando vidasâ€). O elenco ainda conta com Peter Sarsgaard (Kinsey), como o advogado dos dois velhinhos.

Na casa, a cética Caroline começa a suspeitar das causas do estado de Ben, devido a um sótão que a chave do título não abre e à ausência de espelhos, retirados de todos os cômodos. Mas, principalmente, em função da estranha história da casa, envolvendo a prática de magia negra por antigos moradores, contada por Violet.

Descontadas a falta de ineditismo do plot e do perfil da protagonista (Naomi Watts n’O Chamadoâ€; Sarah Michelle Gellar, n’O gritoâ€), as atuações de Hudson e Rowlands são convincentes e a primeira metade do filme é instigante. Um jantar “amistoso†entre as duas lá pelo final do filme, disputando uma guerra de nervos, é a melhor seqüência do longa. A partir de certo momento, porém, o roteiro privilegia a correria, deixando para amarrar um monte de pontas soltas no final, quando muitos já perderam a paciência com os buracos na história. Se temer é acreditar, a correria do filme é...ahn, inacreditável.

Softley entrega uma direção sem inspiração e sua mania de dar um zoom no rosto de Caroline toda vez que quer denotar perigo é irritante. As locações do filme, a fotografia, a trilha recheada de blues e a magia negra lembram “Coração satânicoâ€, noir contemporâneo dirigido por Alan Parker, com Mickey Rourke e Robert De Niro. Aí talvez esteja o maior problema de “A chave mestraâ€: longe de ser ruim como “O gritoâ€, ele também não está perto da visceralidade e da boa direção do longa de Parker. Paciência...

"Se chegar mais perto eu chamo a minha mãe
e faço você ver todos os filmes dela!"

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