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Dez pra lá, dez pra cá

16.07.05

por Braulio Lorentz

Foo Fighters - In Your Honor

(SonyBMG, 2005)

Top 3: “Resolveâ€, “Doa†e “Virginia Moonâ€.

Princípio Ativo:
Gritos e sussuros

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- Você não gosta de bandas com som mais pesado né?
A pergunta de um amigo, com um CD do Slipnokt na mão, me faz pensar.

A resposta, no entanto, foi instantânea.
- A banda pesada que eu mais gosto é o Foo Fighters.
O sorriso maroto do tal amigo era um indício de que escolhera a resposta errada. Se eu pudesse voltar no tempo acho que teria dito System of A Down.

Mesmo não tendo a fama de ser uma banda, digamos, “de som pesadoâ€, o Foo Fighters sempre soube acertar a mão na dosagem de gritos e sussurros por disco, pendendo cada hora para um dos lados. Em There is Nothing Left To Lose (1999), melodias adocicadas dominam a segunda metade do álbum. Já em One By One (2002), por outro lado, o ouvinte quase não encontra canções para se dançar de rosto colado.

In Your Honor concretiza a predileção da banda em mesclar riffs de guitarra e levadas de violão. O quinto CD do Foo Fighters é um álbum duplo com vinte faixas, sendo dez rockões no primeiro e dez baladas no outro. Desta vez a dosagem é homogênea e vem acompanhada de ativismo político no disco 1 e participações especiais no disco 2.

Não há palavras de ordem escancaradas como em “American Idiotâ€, do Green Day, por exemplo. Faltam referências explícitas, sobram mensagens sutis em frases como as do hard rock “No Way Backâ€. A crítica indireta também está estampada nas perguntas do refrão de “Best Of Youâ€: "Were you born to resist or be abused?†(“Nascemos para resistir ou sofrermos abusos?†e “Is someone getting the best, the best, the best, the best of you?†(“Alguém está recebendo o melhor, o melhor, o melhor, o melhor de você?â€).

A indignação está de mãos dadas com a empolgação dos integrantes do Foo Fighters. Faz sentido, então, o vocalista e guitarrista Dave Grohl afirmar que este é o melhor disco da história da banda. Canções certeiras e pesadas como “Doa†e “Resolve†valem todo o alarde.

O disco calminho é ainda melhor, com destaque para “Another Round†e “Miracleâ€, ambas com John Paul Jones, ex-baixista do Led Zepellin, tocando respectivamente mandolin e piano. Os dois melhores momentos, entretanto, ficam por conta da bossa nova “Virginia Moonâ€, com Norah Jones, e da bunda mole “Cold Day In The Sunâ€, cantada pelo baterista Taylor Hawkins.

“Friend of a Friend†tem cheiro de Nirvana. A balada é dos tempos em que Grohl começava a segurar as baquetas da trupe liderada pelo finado Kurt Cobain. “Razzor†não arranca suspiros, mas reedita a boa parceria com Josh Homme, do Queens of the Stone Age, banda em que Grohl também já tocou bateria.

Matar dois coelhos com uma caixa d´água é tarefa fácil para quem já tocou em 318 bandas e ainda consegue se manter cool em todas elas.

Dave Grohl (primeiro da dir.): candidato ao posto de rockstar mais cool do mundo

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