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Pegadinha do (espírito) Mallandro

03.12.09

por Daniel Oliveira

Atividade paranormal

(Paranormal activity, EUA, 2009)

Dir.: Oren Pell
Elenco: Katie Featherston, Micah Sloat, Mark Fredrichs, Amber Armstrong

Princípio Ativo:
a proposta

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“Atividade paranormal†pode ser encarado como:

1- Um filme de terror
em que um demônio/fantasma/assombração bem pentelho, mas não muito assustador, não deixa um casal dormir. O passatempo favorito do espírito, coisa ruim – ou o que lá ele seja – é causar barulhos inesperados pela casa dos dois, especialmente à noite.

Katie confessa que é assombrada por eventos assim desde a infância, então Micah compra uma câmera para registrar o cotidiano dos dois e descobrir a origem dos estranhos fenômenos. O espectador acompanha uma seleção dessas gravações e, a cada nova pentelhada, espera algo mais que o susto habitual...o que nunca acontece. Aparentemente, o que o (espírito) mallandro quer é só encher o saco – e isso ela consegue. Seus truques são na maior parte do tempo infantis, uma joselitice que não causa assim tanto medo.

Como terror, “Atividade paranormal†é uma proposta formal bem executada, mas sem muito conteúdo - nem tão assustador quanto [REC] nem tão inovador quanto “A bruxa de Blairâ€. Um crescente criado pelo diretor Oren Pell que não leva a nada além dos melhores momentos já entregues no trailer. Mas o filme pode ser também...

2- Um Big Brother de dois
em que o espectador acompanha o dia a dia de um casal de verdade. Ou não.

Dentro da proposta de Pell, tudo o que se vê na tela são gravações feitas pela câmera de Micah, recuperadas à la “Blairâ€, que registram não só os sustos, mas o cotidiano de dois namorados/noivos/esposos comuns. A afetação, as discussões, a dinâmica de poder e barganha e, acima de tudo, a cumplicidade da dupla – vivida pelos atores Katie Featherston e Micah Sloat – é mais crível e autêntica que qualquer casal do Big Brother. O cabo de força travado pelos dois sobre a compra ou não de um tabuleiro Ouija é algo com que qualquer casal irá se identificar – com a balança pendendo ora para um lado, ora para outro: ela é responsável pelas maldições, não contou pra ele antes; ele não leva o drama dela a sério.

Grande trunfo do filme, os dois viabilizam, em última instância, o ultrarrealismo da proposta, corroborado pela câmera solta, enquadramentos tortos e amadores, cortes súbitos, iluminação escura e/ou estourada. A proposta é bem realizada mas, depois de anos de Internet, ninguém mais compra que aquilo ali realmente aconteceu. No que sobra ao filme ser...

3- O definitivo filme adultescente
em que o maior temor desse “novo homem†é comprovado: more junto com uma mulher e ela trará maldições, neuroses, transformará você em um chato obcecado e infernizará sua vida para sempre, enquanto te critica por ser um crianção que não leva nada a sério.

Mais pílulas:
- Quarentena
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Dormir é superestimado.

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