Clã dos berimbaus voadores
09.11.09
por Igor Vieira
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Besouro
(Brasil, 2009)
Dir.: João Daniel Tikhomiroff
Elenco: AÃlton Carmo, Jéssica Barbosa, Anderson Santos de Jesus, Iradhir Santos, Chris Viana
Princípio Ativo: Baianidade nagô meets kung fu
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O trailer de “Besouro†foi lançado na rede em junho de 2009. Desde então, sua versão oficial no Youtube já foi vista por mais de 350 mil pessoas. A expectativa criada pela mistura da capoeira (patrimônio cultural do Brasil®) com artes marciais (patrimônio cinematográfico da China®) tornou-se o pior dos pesadelos no filme de estreia do publicitário João Daniel Tikhomiroff.
No Recôncavo Baiano dos anos 20, os negros recém libertos ainda sofriam com os mandos e desmandos dos senhores rurais e a perseguição à s suas tradições. Nesse contexto, Manoel Henrique Pereira, o “Besouro Mangagá†ou “Besouro Cordão de Ouroâ€, tornou-se um sÃmbolo da luta pelo reconhecimento da cultura negra no perÃodo. O capoeirista que desafiava a polÃcia e seus patrões ganhou o status de mito devido à s lendas sobre seu corpo fechado e os voos alçados.
Inspirado no livro “Feijoada no paraÃsoâ€, de Marco Carvalho, “Besouro†se divide entre um triângulo amoroso e um retrato da exploração negra que acometia o paÃs, mesmo após a assinatura da Lei Ãurea. Tudo isso misturado com muita cultura negra baiana (leia-se candomblé e capoeira) - as personificações dos orixás produzem uma óbvia escolha da mocinha para também representar Iansã.. A divisão faz do filme ora uma aula de tele curso, ora um festival de metáforas e metonÃmias do baiano louco.
As cenas de luta foram coreografadas pelo chinês Huen Chiu Ku, que tem no currÃculo filmes como “Kill Bill†e “O tigre e o dragãoâ€. Mesmo com o talento de Chiu Ku e a habilidade dos capoeiristas-atores (todos deixando a desejar no quesito atores), as cenas estão a anos-luz de suas inspirações mais famosas. Faltam intensidade e significação. Sobram chutes e gingas a esmo que, graças à edição truncada, não causam o efeito esperado.
Como romance imerso em um pequeno recorte da história, o filme pode até funcionar, mas deixa muito a desejar como representação da arte da capoeira e da rica cultura do candomblé. Aos muitos (muitos mesmo) patrocinadores que anunciam o longa pela Lei Rouanet, resta torcer por investimentos melhores no futuro.
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Essa foi inspirada pelo primeiro Homem Aranha.
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