Essa não é uma história real
10.10.09
por Rodrigo Ortega
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Educação
(An education, Reino Unido, 2009)
Dir.: Lone Scherfig
Elenco: Carey Mulligan, Peter Sarsgaard, Alfred Molina, Cara Seymour, Olivia Williams, Dominic Cooper, Rosamund Pike, Emma Thompson
Princípio Ativo: Adolescência
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Pra que serve, afinal, tanto esforço pra ter “uma educação� Acordar cedo, ter deveres, provas e trabalhos. Ela dorme, sonha e perde o horário. Ela não se encaixa. Ela é adorável. Você vai se apaixonar por ela, mas essa não é uma história real.
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“Educação†é um filme roteirizado pelo britânico Nick Hornby. Mas, ao contrário de “Alta Fidelidade†ou “Um Grande Garotoâ€, você não vai achar nas livrarias aquele selinho oportunista “o livro de Nick Hornby que deu origem ao filmeâ€. Desta vez ele assina apenas o roteiro, adaptado da autobiografia da jornalista britânica Lynn Barber.
O filme, dirigido pela dinamarquesa Lone Scherfig (Italiano para principiantes), tem recebido elogios da crÃtica e foi indicado a 6 Oscar, inclusive de roteiro adaptado. Mas os méritos aqui não são só do escritor pop. A adorável Jenny (Carey Mulligan) compensaria o ingresso, mesmo que o filme fosse só um gif animado com seus sorrisos e expressões faciais.
Entre um suspiro e outro, o filme é um retrato bem feito do mundo adolescente em uma década adolescente, os anos 60, em uma Inglaterra pré-beatlemania. A história de Jenny parte de um embate entre o “núcleo careta†(seus pais, os ótimos Alfred Molina e Cara Seymour) e o “núcleo bon-vivantâ€, capitaneado por David (Peter Sarsgaard). A protagonista fica dividida entre a educação formal imposta pelo primeiro e a “escola da vida†aberta pelo segundo.
A simples menção de “uma protagonista adolescente e descolada que parece mais esperta que os outros adultos†vai fazer “Juno†piscar na cabeça dos rotulistas de plantão. Mas “Educação†não se encaixa na orla dos filmes indie, a não ser como um adendo, uma lição de Hornby para Diablo Cody e afins, do tipo “deixa o tio explicar pra vocês como é que se fazâ€.
Pode até parecer um filme sobre “como ser legalâ€. Mas logo se percebe a ironia de Jenny fumando e citando o anti-romantismo de Camus - apenas uma cena antes de se apaixonar loucamente - e do cinismo com que o “núcleo bon-vivant†critica os “pequenos burguesesâ€.
No fim das contas, corre o risco de soar meio moralista, mas é só uma tentativa de resposta à pergunta inicial. Pra que serve, afinal, a educação? Uma questão simples e complicada, dessas que a gente tem que viver pra saber a resposta. Dessas que Hornby trata de maneira humana e bem-humorada, que nos emociona e nos coloca dentro do livro (ou da tela).
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Nem o chato do núcleo careta, nem o bobo do núcleo bon-vivant. Você vai querer ser o cara que vive com ela do jeito certo. Vai querer achar um meio termo sem partir seu coração no meio. Mas essa não é uma história real. NOT.
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