(Dir.: Eduardo Valente. Brasil, 2005, 35mm)
A história, vinda de um conto de Tchecov, era umas das melhores do festival. O diretor era provavelmente uma das pessoas mais promissoras para adaptar o conto, depois de ter dirigido a risonha crÃtica à imagem de “Castanhoâ€, seu curta anterior. Além disso, era uma das melhores sinopses no catálogo do festival, pela ironia presumida na pergunta (“Um acidente de trem mata mais de cem pessoas. Quem seria o monstro responsável por essa tragédia?â€). O excesso de expectativa e o hype antecipado eram exatamente o que poderia atrapalhar, e atrapalharam.
“O Monstro†foi escolhido para competir em Cannes, é um curta interessante, sem dúvida, mas rende muito menos do que poderia. Valente carrega na mão e tenta criar no filme uma grandeza que não cai bem, especialmente nas atuações e no ritmo imposto pela montagem.
A história é praticamente aquela da sinopse ali em cima e a grande razão do elogio ao curta é sua habilidade em escolher a história, o monstro e o modo de exibi-lo na tela. Valente destrói (de novo) a imagem e o ângulo de visão que qualquer um espera e renova o estoque de imagens desgastadas com os quais nós pensamos, especialmente em frente à tv. Vendo telejornais espirra-sangue por esses dias, talvez fosse bom acrescentar no primeiro parágrafo que a escolha do momento para fazer o curta parece também a ideal.
O melhor do filme é a cena final na beira do rio e a defesa feita pelo tal monstro. Sair do reino das imagens pré-fabricadas e mastigadas pode ser terrivelmente surpreendente e Valente tem noção disso. Agora, é menos expectativa enquanto ele prepara o lançamento de “Vórticeâ€, seu primeiro longa.
Não basta participar, tem é que abrir a boca! O PÃlula premia os melhores e piores momentos do 8º Festival Internacional de Curtas de BH e rasga seda para os cinco melhores curtas brazucas dessa edição.